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Saúde

Papanicolau: estudo aponta desigualdades no atendimento

Entre os dados está a demora para o recebimento do resultado do exame
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Carolina Pessôa - Repórter da Rádio Nacional
10/08/2023 - 12:54
Rio de Janeiro

A realização do exame citopatológico, o Papanicolau, no Brasil, utilizado para rastreamento de câncer do colo de útero e de suas lesões precursoras, revela intensas desigualdades. É o que aponta a pesquisa Um Olhar sobre o Diagnóstico do Câncer do Colo do Útero no Brasil, feita pela Fundação do Câncer. Entre os dados apresentados no estudo, está a demora para o recebimento do resultado do exame no âmbito do SUS.

Das mulheres entre 25 e 64 anos, idade recomendada para a realização, que o fizeram nos serviços públicos de saúde, 40% receberam o resultado em menos de um mês, enquanto no setor privado essa proporção foi de 91%. A análise baseia-se em dados da Pesquisa Nacional de Saúde, do Ministério de Saúde, de 2019.  

A consultora médica da Fundação do Câncer e colaboradora do estudo, Flávia Corrêa, destaca as consequências que essa demora pode causar.  

“Pode ocasionar uma desistência da mulher em relação à continuidade, no prosseguimento do resultado, e principalmente se houver alguma alteração no exame, no prosseguimento da investigação para a confirmação diagnóstica e eventualmente para um tratamento”.  

A base de dados do estudo possui pouco mais de 48 mil mulheres, de todas as regiões do país. Destas, 6,1% nunca fizeram o exame, sendo a maior parte delas da faixa etária entre 25 e 34 anos, com baixa escolaridade, negras, e da camada populacional mais pobre, com renda de até um salário mínimo. Para Flávia, esse resultado é reflexo da grande disparidade social do país.   

“Isso mostra a desigualdade, a iniquidade, que nós temos no país. Realmente a população mais vulnerável que precisa mais de atenção é a que menos recebe”.  

O estudo também aponta que 21% das mulheres brasileiras que realizaram o Papanicolau estavam fora da faixa etária recomendada, ou seja, abaixo dos 25 ou acima dos 64 anos.  

O exame citopatológico deve ser feito por mulheres, homens trans e pessoas não binárias designadas mulheres ao nascer. No Brasil, o câncer do colo uterino ocupa a 3ª posição entre os cânceres mais incidentes nas mulheres e a mortalidade permanece elevada quando comparada a outros países europeus e da América do Norte.  

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