A primeira vacina da história consistia em injetar secreções de uma pessoa doente em pessoas saudáveis para que elas ficassem imunes a formas mais graves da mesma doença. Nada mais distante de como as vacinas são produzidas hoje, com tecnologia de ponta e controles rígidos de qualidade.
Tudo começa nos laboratórios de pesquisa, quando os cientistas estudam o agente causador das doenças pra decidir qual substância vai estimular uma resposta no nosso organismo de forma segura. Às vezes, várias alternativas são formuladas, como no caso da vacina contra a covid-19: a coronavac utiliza o vírus da covid inativado, enquanto a vacina da astrazeneca é feita com uma proteína do coronavírus.
Já o Imunizante da Pfizer trouxe uma tecnologia nova que utiliza uma substância totalmente sintética: uma cópia de um fragmento genético do vírus. Depois de decidida o que os pesquisadores chamam de plataforma, começa a fase de testes, como explica a ex-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações Isabela Ballalai.
E esses testes da fase 3 são realizados de forma simultânea em diversos países, para observar a resposta do imunizante em populações diferentes. Por causa da grande diversidade da nossa população, o Brasil costuma ser uma escolha preferencial para esses estudos. Qualquer pesquisa em seres humanos no Brasil precisa ser aprovada previamente pela Conep, a Comissão Nacional de Ética em Pesquisas. E adurante todo o processo, ela será acompanhada pela Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que tem protocolos rígidos para a realização desses experimentos.
A diretora da Agência, Meiruze Freitas, explica que só depois de todo esse trabalho, é que a vacina poderá ser liberada para produção em escala e uso na população. As vacinas elaboradas no exterior também precisam ser aprovadas e todas continuam sendo avaliadas mesmo depois disso.
Um dos principais centros de produção de vacinas do Brasil é o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fiocruz, mais conhecido como Biomanguinhos. O diretor do instituto Maurício Zuma explica que o processo de produção em grande escala varia de acordo com a tecnologia de imunizante, mas de maneira geral é dividido em duas fases
O IFA citado por Zuma é o coração das vacinas, a substância que contém o antígeno, e que será diluída e misturada a substâncias conservantes e estabilizantes para continuar ativo em cada frasco de vacina. Biomanguinhos produz 10 vacinas que fazem parte do calendário do Sus e entrega em média 120 milhões de doses por ano ao Programa Nacional de Imunizações por ano. O instituto da Fiocruz também exporta imunizantes para mais de 70 países.
Quer visitar uma das plantas industriais e entender melhor esse processo de produção? Pois basta procurar o site Fiocruz 360 que disponibiliza um tour virtual pelas instalações de Biomanguinhos e também dentro do laboratório de produção do IFA da vacina covid-19.