Uma pesquisa do Instituto Oswaldo Cruz e da Universidade Federal do Rio de Janeiro mostrou que a toxoplasmose congênita, transmitida da gestante para o bebê, afeta aspectos fundamentais da formação de neurônios. Os pesquisadores descobriram que o parasito diminuiu a proliferação e a capacidade de migração das células progenitoras neurais e também impacta no processo de diferenciação, bloqueando a etapa final de maturação dos neurônios
Os pesquisadores já sabiam dos riscos de a doença afetar a formação do sistema nervoso do bebê, causando problemas como microcefalia, mas, de acordo com os estudiosos, os mecanismos envolvidos nas lesões ainda necessitam de mais clareza.
O estudo foi realizado com células de camundongos. Foi observado que os marcos da neurogênese - a proliferação, migração e diferenciação celular - foram alterados nas culturas infectadas
As células progenitoras neurais dão origem às células do córtex cerebral, que é a área mais afetada na microcefalia. Os pesquisadores destacaram que o modelo experimental é um ponto de partida para aumentar o conhecimento sobre a doença e buscar novas formas de controle.
A estimativa é de que um terço da população já tenha sido infectada pela doença, mas não apresente sintomas, porque formas latentes do parasito podem permanecer adormecidas no organismo.
A ingestão de água ou alimentos contaminados é a forma mais comum de infecção por toxoplasmose, mas também existe a possibilidade de o contágio ocorrer a partir das fezes dos felinos ou de carne crua ou malcozida.
O diagnóstico precoce é fundamental para prevenir sequelas. O rastreio da toxoplasmose faz parte das consultas de planejamento da gravidez e do pré-natal, que devem ser realizadas regularmente. No ano passado, o exame também passou a ser incluído no teste do pezinho para recém-nascidos, oferecido no Sistema Único de Saúde.