A representatividade de profissionais negros ainda é baixa em muitas áreas e é bastante visível na área médica. Para muitos pacientes, ser atendido por quem compartilha as mesmas angústias e vivência faz toda a diferença.
Esse é o pensamento da médica Júlia Furtado que fez questão de escolher um dermatologista negro, quando precisou de acompanhamento para a pele.
Para Júlia Furtado, que é médica residente em cardiologia, incentivar a busca por profissionais negros também é importante para mudar a realidade da área, que não reflete a proporção de negros no país.
O médico que acompanha a Júlia, Cauê Cedar, membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia e especializado em pelo negra avalia que há uma demanda por profissionais negros na medicina que acompanham o movimento geral de busca por representatividade e mais acolhimento por parte das pessoas pretas, o que contribui também para o fortalecimento econômico dessa população.
Cauê Cedar também cita outra lacuna na área, especialmente para dermatologistas que atendem pacientes de pele negra, que é a falta de literatura especializada no Brasil sobre o tema.
De acordo com o levantamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, o país tinha mais de 560 mil médicos em janeiro de 2023. O Conselho Federal de Medicina não exige a identificação da cor na hora da inscrição no órgão de classe, por isso não há contabilização de quanto dos mais de meio milhão de profissionais são negros, mas o abismo entre médicos brancos e negros pode ser analisado a partir de dados referentes a formação de médicos pela faculdades.
De acordo com o levantamento da Faculdade de Medicina da USP, baseado no censos de educação superior no Brasil, em 2019 dos novos estudantes de medicina quase 70% eram brancos, cerca de 25% pardos, 3,5% pretos e 2% indígenas.