Apesar da aparência inofensiva e de ser um dos símbolos da paz, os pombos, muito comuns nos centros urbanos, podem ser vetores de doenças graves para os seres humanos.
No Maranhão, a prefeitura de São Luís foi condenada por se omitir na adoção de medidas de controle dos pombos na cidade. O município deve adotar providências para controle desses animais na sua área urbana em até um ano. A decisão é resultado de sentença da Justiça do Estado em ação movida pelo Ministério Público.
De acordo com o medico Egon Daxbacher, coordenador do Departamento de Hanseníase da Sociedade Brasileira de Dermatologia, as principais doenças ligadas ao pombo são a histoplasmose e criptococose, provocadas por fungos de fezes ressecadas desses animais. O especialista explica que a contaminação acontece por via respiratória.
“Esses animais acabam eliminando germes através das fezes e as fezes ficam ressecadas. Muitos desses fungos, que é o caso da histoplasmose e criptococose, você tem a formação de esporos, que são estruturas que ficam suspensas no ar. Muitas vezes em lugares que têm ar-condicionado, lugares fechados, lugares menores como um caverna, enfim, alguns lugares que você pode ter ali maior concentração do ar”, exemplifica.
Segundo Egon Daxbacher, a doença pode inicialmente ser confundida com um resfriado e pode provocar pneumonia e acometer outros órgãos, com maior risco para pacientes imunossuprimidos. Manifestações na pele são mais raras.
“Essa contaminação muitas vezes pode gerar, por característica do próprio fungo, da disseminação dele, infecções graves. É o caso, por exemplo, da histoplasmose, quando ela acomete vários órgãos, fica espalhada, disseminada, acomete às vezes a medula óssea, dá um problema hematológico. Ou a criptococose, quando, por exemplo, inflama na região do cérebro e acaba ocasionando uma meningite, que seria um quadro mais grave”, alerta.
O médico explica que o controle populacional desses animais é uma das principais formas de prevenir essas doenças, mas as pessoas também podem adotar alguns cuidados na limpeza de parapeitos e buracos de ar-condicionado.
“Obviamente, não é porque existe essa possibilidade de contaminação que a gente deve sair por aí matando esses animais. Mas o controle populacional, observando os locais onde eles se reproduzem, alguns locais que eles preferem, como os parapeitos, buracos de ar-condicionado vazios, na hora de fazer a limpeza desses lugares, deve tomar bastante cuidado. Usar uma máquina de proteção respiratória, por exemplo. E tomar bastante cuidado na hora de remover as fezes ressecadas, para não criar muitas partículas no ar”, finaliza o médico.
O tratamento para as doenças provocadas por pombos, segundo Egon Daxbacher, depende de cada caso e da gravidade, mas geralmente são usados antifúngicos orais ou venosos.