Umidade do ar abaixo de 20% em alguns estados e a seca agravada por queimadas em grande parte do país podem levar a quadros de sangramento nasal, um problema conhecido como epistaxe. Essa condição ocorre principalmente por causa do ressecamento das vias nasais, afetando especialmente pessoas com doenças respiratórias, como a rinite alérgica.
A moradora de Ceilândia, no Distrito Federal, Mayra Mendes, de 20 anos, diz que suas crises de sangramento nasal ficam mais intensas nos períodos de seca, situação que ela considera bem difícil.
"Essas crises de sangramento que eu tenho começam neste período de seca, em setembro, e eu estou sofrendo muito com isso. Eu não uso nenhum tipo de medicamento, mas um cuidado que tenho é fazer nebulização à noite. Sempre que chego do trabalho, costumo seguir essa rotina, não só durante as crises de sangramento, mas é algo que me ajuda. Eu tenho um problema com rinite e sinusite, e nesse período seco, isso é algo que consigo colocar em prática por conta das crises de sangramento."
A médica Marcela Suman explica que a baixa umidade do ar, combinada com a poeira e a fumaça suspensas na atmosfera, formam um ambiente mais propício para o ressecamento das vias respiratórias, levando ao rompimento dos vasos nasais e assim gerando os sangramentos.
“Primeiramente, os sangramentos nasais ocorrem porque, em períodos muito secos, a mucosa do nariz fica sobrecarregada. Ela tem a função de filtrar, aquecer e umidificar o ar. Quando a umidade relativa está em torno de 10%, enquanto o ideal seria 60%, nossa mucosa resseca muito tentando doar água para o ar entrar nas nossas vias respiratórias inferiores e chegar aos pulmões."
A especialista recomenda medidas preventivas que podem ser usadas no dia a dia para minimizar os sangramentos nasais durante o tempo seco.
“Como nós podemos fazer para evitar isso? Primeiramente, a hidratação oral, ou seja, beber bastante água. Outra forma de melhorar é a hidratação local com soro fisiológico nasal várias vezes ao dia, a cada duas horas. Os soros em gel também são uma outra opção para manter a mucosa com uma barreira de proteção mais prolongada. Porém, lembrando que o gel não substitua o soro fisiológico. Procurar usar umidificador nos ambientes em que você estiver. Caso não tenha um umidificador, usar toalhas molhadas ou baldes com água.”
Para a médica o aumento dos casos de sangramento nasal é um reflexo direto das condições climáticas extremas. Segundo ela, embora não seja geralmente uma condição grave, a epistaxe pode ser um sintoma de que o corpo está sofrendo com os efeitos do tempo seco.
*Com supervisão de Roberta Lopes