Atlas da Violência: mortes por causas indefinidas crescem 35% no país

Maioria é negra, jovem, morre nas ruas e por armas de fogo

Publicado em 31/08/2021 - 17:12 Por Gabriel Brum - Repórter da Rádio Nacional - Brasília

O Brasil registrou pouco mais de 45 mil e 500 homicídios em 2019. Uma taxa de 21,7 mortes por 100 mil habitantes. Uma redução de 22% em relação a 2018, de acordo com o Atlas da Violência divulgado nesta terça-feira (31).

Por outro lado, o estudo mostra um crescimento das chamadas Mortes Violentas por Causa Indefinida, que são aquelas em que não foi possível identificar a motivação. Elas aumentaram 35% de 2018 para 2019.

Essas mortes podem ter sido provocadas por agressões, assassinatos ou acidentes de trânsito, mas acabam entrando nas estatísticas como indefinidas, o que pode puxar os registros de homicídios para baixo.

O presidente do Instituto Jones, Daniel Cerqueira, um dos coordenadores do Atlas, enumera o perfil das pessoas assassinadas e registradas como causa indefinida. Segundo ele, são pessoas negras, jovens, morrem em vias públicas, a grande maioria por armas de fogo e são solteiros.

A violência vitimizou quase 3.740 mulheres em 2019 no Brasil, uma redução de aproximadamente 17% nos números absolutos. Dessas mortes, 33% foram registradas na casa das vítimas. Roraima é o estado com a maior taxa de mortes de mulheres.

O recorte racial na pesquisa chama a atenção. Em 2019, 77% dos assassinatos eram de negros. Nos últimos onze anos, o número mortes de negros cresceu quase 2%, enquanto entre não negros caiu quase 33%.

A diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, comenta essa desigualdade. Ela afirma que existem 2,6 vezes mais chance de uma pessoa negra morrer no Brasil do que uma pessoa não negra.

No Brasil, a violência é o que mais mata jovens. Em 2019, de cada 100 adolescentes entre 15 e 19 anos que morreram no país, 39 foram assassinados.

Com relação a população LGBTQI+, foram 5.330 casos de violência contra homossexuais e bissexuais em 2019. Um crescimento de quase 10% em relação a 2018. Contra transsexuais e travestis, a violência física subiu 5,6% em relação a 2018.

Contra a população indígena, o estudo aponta mais de 2 mil assassinatos entre 2009 e 2019. Nessa década, a taxa de mortes violentas de indígenas aumentou mais de 21%, movimento oposto ao que ocorreu com a taxa de assassinatos em geral no país. O técnico de planejamento e pesquisa do Ipea, Helder Ferreira, explica que a violência contra os povos indígenas tem várias dimensões, não apenas física, como o preconceito racial.

Os homicídios com arma de fogo somaram quase 440 mil casos em 11 anos, cerca de 70% dos assassinatos do país entre 2009 e 2019. Entretanto, nos onze anos analisados houve uma queda de quase 16%.

As informações do Atlas da Violência 2021 usam dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade, o SIM, e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação, SINAN, do Ministério da Saúde.

O documento foi feito em uma parceria entre o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, IPEA, e o Instituto Jones dos Santos Neves.

Edição: Jacson Segundo / Guilherme Strozi

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