No Rio, polícias atuam mais em áreas de tráfico do que de milícias

Publicado em 05/06/2024 - 20:43 Por Carolina Pessoa - repórter da Rádio Nacional - Rio de Janeiro

O número de ações ou operações policiais em áreas de milícia é dez vezes menor que em áreas de tráfico. É o que aponta o estudo Grande Rio sob disputa, do Instituto Fogo Cruzado e do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos, da Universidade Federal Fluminense.

De acordo com a pesquisa, enquanto 4,3% dos tiroteios com a presença da polícia aconteceram em áreas de milícia, nas áreas de tráfico esse número sobre para 40,2%. E a chance de um território dominado pelo tráfico registrar confrontos é 3,71 vezes maior que a chance para territórios controlados por milícias.

De acordo com a diretora de Dados e Transparência do Instituto Fogo Cruzado, Maria Isabel Couto, esse resultado aponta para um claro enviesamento na distribuição das operações policiais.

“O que chama a atenção é a disparidade. Por que que a quantidade de confrontos envolvendo policiais em áreas de tráfico é tão superior àquelas em áreas de milícia. Ou seja, há um padrão muito desigual. Há um claro viés na atuação das forças de segurança, que parecem ser mais frequentes, ou pelo menos mais violentas, mais conflitivas em áreas controladas pelo tráfico do que em áreas controladas pela milícia”.

O estudo mostra também que em quase 50% dos conflitos mapeados no Grande Rio a polícia esteve presente. E aponta que, apesar de altos índices, a distribuição dos conflitos se dá de forma bastante desigual.

“Apesar dessas cifras absurdas, em média 17 confrontos por dia na região metropolitana do Rio em seis anos, é muito perceptível, é bastante claro e demonstrado por esse estudo, que a violência não se distribui de forma homogênea. Na média, mais da metade dos bairros a cada ano não foi afetado por confronto. E dos bairros que foram afetados por algum tipo de confronto a maioria deles, a enorme maioria deles, é atingido por confrontos pontuais, de baixa intensidade”.

Ainda de acordo com a especialista, dados como esse são essenciais para ajudar a segurança pública, permitindo pensar uma organização da política pública mais racional e eficiente.

A assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro disse, em nota, que desconhece a metodologia dessa pesquisa e, portanto, não vai comentar os dados, que não considera fidedignos. Resposta semelhante foi dada pela Secretaria de Polícia Civil. Já a Polícia Militar do Rio de Janeiro informou que suas ações são feitas com planejamento prévio e que a opção pelo confronto é uma conduta dos criminosos, que atacam não somente as forças de segurança, mas toda a sociedade. O governo fluminense declarou que só se posiciona sobre os dados oficiais do Instituto de Segurança Pública do Estado.   

Edição: Roberto Piza / Fran de Paula

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