Mais de R$ 7 bilhões foram gastos na guerra às drogas, no ano passado. A informação é de uma pesquisa publicada pelo Cesec, Centro de Estudos de Segurança e Cidadania. O levantamento foi feito no Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Pará, Santa Catarina e no Distrito Federal por meio da Lei de Acesso à Informação.
Do valor total, mais de R$ 4 bilhões foram gastos em apenas duas instituições: a Polícia Militar e o Sistema Penitenciário. Para a coordenadora do Cesec, Julita Lemgruber, já é possível afirmar que a estratégia empregada no combate às drogas é fracassada.
A política do confronto não funcionou e não vai funcionar. Tratar o varejo das drogas com violência jamais funcionou em qualquer parte do mundo. Nós com essa política baseada no confronto não reduzimos a circulação de drogas, nem o consumo, não protegemos as famílias e aumentamos os níveis de corrupção nas polícias.
Juntos, Bahia, Distrito Federal, Pará, Rio de Janeiro e São Paulo gastaram quase R$ 1 bilhão com adolescentes atendidos pelo Sistema Socioeducativo, por infrações relacionadas à Lei Antidrogas. Segundo os pesquisadores do Cesec, esses gastos afastam jovens negros e periféricos do convívio social. E são o resultado de uma política de segurança pública equivocada e pouco transparente, que não oferece alternativas de investimento no futuro dos jovens.
O estudo também sugere que o orçamento poderia ter sido utilizado na saúde e na educação. Um dos exemplos é que esses mesmos R$ 7 bilhões poderiam ser usados pra construir mais de 900 novas escolas públicas e manter quase 400 Unidades de Pronto Atendimento.
Os pesquisadores do Cesec alegam ter enfrentado problemas como a falta de transparência no acesso a informações sobre os custos reais de implementação da Lei de Drogas. Em relação às polícias militares, falta informações oficiais sobre o custo das operações.