Flupp recebe primeira competição internacional de poesia do país

Publicado em 13/11/2014 - 20:58 Por Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Uma competição diferente ocorre até domingo, na Mangueira, comunidade da zona norte do Rio de Janeiro. Os participantes não têm porte físico atlético, nem demostram habilidades de força ou agilidade física. O importante é o sentimento, o esporte, a poesia, no primeiro Rio Poetry Slam, competição internacional de poesia falada, que reúne 16 poetas, de países diferentes, em um evento inédito na América Latina. O torneio faz parte da 3ª Festa Literária Internacional das Periferias, anteriormente chamada de Festa Literária das Unidades de Polícia Pacificadora (Flupp).

A curadora e apresentadora da competição, Roberta Estrela D'Alva, explica que o nome slam veio emprestado do mundo esportivo, assim como o formato competitivo, no qual cada atleta da palavra apresenta um poema próprio, em até três minutos, sem usar recursos adicionais como música ou figurino. De acordo com ela, o estilo foi trazido para o Brasil em 2008, e faz parte da tradição de poesia falada.

“A gente tem uma grande árvore, que é a poesia oral, e dentro dessa nave-mãe temos o rap, o repente, o beatnik, vários movimentos que usam a poesia falada como forma de expressão. O Rio Poetry Slam é um braço dessa poesia oral, que existe desde que o mundo é mundo. Na África, você tem os griôs, os aedos na Grécia, os trovadores na idade média, sempre uma necessidade do ser humano de se comunicar por meio da palavra ritmada, de poetizar a comunicação”.

Roberta ressalta que a competição de slam é diferente do repente e das batalhas que trabalham com o improviso. “Aqui é a performance, os slammers treinam antes, fazem a composição para a apresentação”. Para a Flupp, foram escolhidos poetas das mais diversas origens, idades e experiências.

Para ela, o slam é uma forma de devolver a poesia para a vida das pessoas. “A ideia é tirar a poesia dos círculos acadêmicos ou outros em que normalmente ela está circunscrita, e devolver às pessoas: qualquer um pode ler, fazer e até julgar. A poesia não é de um, de outro, a poesia é de todos. A poesia popular nunca deixou de existir, mas acho que o slam é um reencontro da poesia com as pessoas”.

Os jurados são escolhidos na hora, entre o público. “A nota não é para a poesia, é para a performance do poeta, naquele dia, em relação àquele público”, explica Roberta. As apresentações são feitas com legendas, preparadas pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

O poeta e artista plástico Samuel Luiz Borges, 27 anos, representa o Brasil na competição. Ele diz que é sua primeira vez em um slam internacional, mas tem participado dos eventos em São Paulo há pouco mais de um ano. “Eu vejo um crescimento dentro do movimento, neste pouco tempo que estou participando. Para o ano que vem já vai ter três novos slams, em São Paulo e aqui no Rio, a Flupp tem feito um trabalho muito interessante, nas escolas”.

O representante de Portugal, Alexandre Francisco Diaphra, de 34 anos, explica que trata de questões existencialistas em sua poesia, e não gosta muito do formato de competição. Porém, reconhece a  importância do slam para a divulgação da poesia da periferia e a interação com outros poetas, também proporcionada pela própria Flupp.

 

Edição: Stênio Ribeiro

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