Iphan aprova o tombamento do Campo de Santana no Rio
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) tombou, na tarde de hoje (11) o Campo de Santana, no centro do Rio de Janeiro, pela importância histórica, artística e paisagística. O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do órgão aprovou por unanimidade a proteção ao parque.
De acordo com o historiador Milton Teixeira, no começo, o local era conhecido como Campo da Cidade e atualmente também é chamado de Praça da República, por ter sido palco da proclamação pelo Marechal Deodoro da Fonseca, no dia 15 de novembro de 1889.
“Antes era um campo aberto, era o chamado Campo da Cidade, e em 1756 surgiu a Igreja de Santana. Em 1790, o conde de Resende mandou cercar, mas não tinha nada, era terra. Depois foi arborizada uma parte dele pelo intendente-geral da Polícia, Paulo Fernandes Viana, e o campo passou a ser usado para paradas cívicas”, explicou.
O projeto paisagístico, que se mantém até hoje, foi feito pelo francês Auguste Glaziou, em 1873. “Glaziou usou o modelo de um jardim de características inglesas, romântico, com cavernas, pedras, lagos, etc, tudo artificial, e o campo foi reaberto em 1880”, disse o historiador.
O Campo de Santana foi tombado pelo Iphan em 1938, mas destombado em 1942 pelo então presidente Getúlio Vargas, quando 18% de sua área foi suprimida para dar lugar à Avenida Presidente Vargas. Atualmente, o Campo de Santana tem cerca de 155 mil metros quadrados e abriga 60 mil espécies de plantas. Passou por obras de recuperação na segunda metade do século 20 e por ele circulam, em média, cerca de 100 mil pessoas por mês. Foi tombado pelo governo do estado em 1968 e desde 1983 integra o Corredor Cultural/Saara, da prefeitura do Rio, responsável por sua administração.
Para Milton Teixeira, o tombamento pode ser uma oportunidade para fazer uma reforma do local, que está abandonado. “Ali dentro funciona a Fundação de Parques e Jardins, que deveria zelar por aquele campo. Ele precisa de um tratamento especial. Aquilo é o Bois de Boulogne [Bosque de Bolonha, um grande parque público de Paris] carioca”, disse. “Eu creio que, se for feito um bom projeto de remanejamento, o campo será mais bem preservado e policiado.”
Segundo a Fundação de Parques e Jardins, o vice-prefeito de Paris, Patrick Klugman, visitou o Campo de Santana terça-feira (9). A Fundação, a Coordenadoria de Relações Internacionais e o Consulado da França discutem uma cooperação técnica que inclui a organização de eventos comemorativos dos 450 anos do Rio no Campo de Santana, com concertos, exposição fotográfica e atividades artísticas.
A reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural também aprovou hoje o tombamento do conjunto de seis jardins de Burle Marx no Recife, e a proteção da prática artesanal de fazer cuias das mulheres de comunidades ribeirinhas do Baixo Amazonas, no Pará.