Passado, futuro e imaginário do Rio estão em exposição na Biblioteca Nacional

Publicado em 06/08/2015 - 23:54 Por Flávia Villela - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Gravuras, ilustrações, cartas, mapas, fotografias, charges e partituras de um Rio que já não existe, registros de ideias urbanísticas que nunca saíram do papel e de intervenções que trazem de volta o que um dia foi destruído. Essas e mais de 200 peças estão na exposição Rio 450 anos – Uma História de Futuro, inaugurada hoje (6) na Biblioteca Nacional, Centro do Rio, como parte do calendário de comemorações do aniversário da cidade.

O curador da mostra, Marco Lucchesi, explicou que as peças escolhidas buscam expor o Rio como uma cidade que sempre apostou no futuro. “A ideia era pensar o Rio como grande personagem real, mas também uma cidade sonhada e projetada para o futuro e, sobretudo, pensar a contemporaneidade que, daqui a pouco, já é passado; por isso quase não vemos rostos, mas grandes multidões ou anônimos.”

De obras raras a fotos de jornais, a história da cidade é contada por meio da arquitetura e do urbanismo, da vida política, religiosa, cultural e esportiva da população carioca. O desmonte do Morro do Castelo, a construção da Avenida Presidente Vargas, a demolição da Avenida Perimetral estão expostas na mostra.

Para o presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Renato Lessa, as constantes mudanças na paisagem urbana da cidade, explicitadas na exposição, refletem uma cidade que sente saudade de si mesma. "Se formos ver as principais inovações que estão sendo feitas no Rio, hoje, elas são de restauração, com paisagens que estão sendo devolvidas [com a demolição da Perimetral] e o bonde que está voltando. Então, essa exposição é um convite para uma imaginação que é projetiva, de pensar a cidade para o futuro, mas também prospectiva, de pensar quantas possibilidades já abrigamos na história da cidade."

Ele ressalta que a exposição também fala da própria casa. Inaugurada em 1810, a biblioteca é uma das maiores do mundo, de reconhecimento internacional, mas também é uma biblioteca carioca. "Parte da história da biblioteca se confunde com a da própria cidade. A ideia da exposição, então, é mostrar o Rio da Biblioteca Nacional e, ao mesmo tempo, a cidade dando sentido à biblioteca que guarda um material que nos ajuda a refletir sobre o que a cidade foi, deixou de ser e ainda pode ser."

O ministro da Cultura, Juca Ferreira, participou da abertura da exposição. Ele lembrou da infância no Rio e lamentou as mudanças geradas pela especulação imobiliária e a ganância. Para ele, o tema da exposição aborda um dos desafios das cidades brasileiras que é o resgate dos espaços públicos.

"Os automóveis tomaram conta da cidade, as ruas já não são mais nossas e, por extensão, os espaços públicos, as praças, esse conjunto de territórios de convivência e afetividade que sempre marcaram o povo brasileiro. Não podemos projetar um futuro para o Brasil permitindo que um território onde vivem mais de 90% do povo seja tomado pelo capital especulativo”, declarou o ministro.

 

Edição: Jorge Wamburg

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