Com bom humor, foliões criticam repressão a camelôs e situação política do país

Publicado em 03/02/2016 - 21:02 Por Vladimir Platonow - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

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Sem perder o bom humor e cantando paródias de marchinhas famosas, foliões fizeram hoje (3) um protesto contra a repressão da prefeitura do Rio a camelôs e aproveitaram para criticar a situação política do estado e do país.

O bloco Ocupa Carnaval, que surgiu a partir das manifestações de rua de 2013, saiu do Camelódromo da Uruguaiana e seguiu pelas ruas do centro. O cortejo, batizado de “camelato”, chamou a atenção por onde passava com seus cartazes irreverentes.

“O camelato traz crítica da repressão aos camelôs. Todos os dias, em vários lugares da cidade, eles estão sendo impedidos de trabalhar, tendo sua mercadoria confiscada, em uma truculência total da Guarda Municipal. Mas nós também trazemos outras pautas aqui, como a repressão policial, o desastre de Mariana [MG], as remoções [de moradores], o encarecimento da cidade, a corrupção do [presidente da Câmara] Eduardo Cunha e os gastos exorbitantes das Olimpíadas”, explicou um dos organizadores do ato, Francisco Leal de Oliveira.

As marchinhas foram adaptadas para fazer uma crítica política, como na clássica Aurora: “Se você for sentinela, o camelô, se esfola. Guarda marrom e amarela, o camelô se esfola”. A imortal Me dá um dinheiro aí serviu de fundo para criticar o presidente da Câmara: “Ei, você aí, o Cunha vai cair, o Cunha vai cair”. Sobrou ainda para a Polícia Militar, no ritmo da irreverente Maria Sapatão: “Lá vem o batalhão, batalhão, batalhão. De dia é UPP, de noite é Caveirão”.

Fundadora do grupo Ambulantes Unidos, Jaciara de Souza Carvalho, reclamou do tratamento dispensado aos camelôs pelo Poder Público. “A prefeitura não quer dar as nossas licenças para trabalhar, porque o nosso sonho é ter um colete, um crachá, um chapeuzinho”, disse ela, que sustenta dois filhos e 11 netos com a venda de bebidas em eventos como shows musicais e blocos de carnaval.

Jaciara disse que a prefeitura não admite mais que os camelôs trabalhem com o cartão de protocolo do processo, o que antes era permitido, nem abre novos processos de licenciamento para vendedores de rua. “E quem tem o cartão de protocolo não consegue a licença definitiva”, reclamou.

Procurada, a prefeitura do Rio respondeu às críticas por meio de nota da Secretaria de Ordem Pública (Seop). “Cabe a Seop coibir o comércio ambulante irregular. O comércio ambulante deve seguir o que determina a Lei nº 1876 de 29 de junho de 1992. Só pode exercer a atividade de ambulante quem está autorizado. Além disso existe um cadastro reserva aguardando a possibilidade para novas vagas”.

A manifestação foi seguida à distância pela Polícia Militar, que não precisou intervir no ato.

Edição: Luana Lourenço

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