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Novos Baianos animam público e marcam reabertura da Concha Acústica de Salvador

Sayonara Moreno - Correspondente da Agência Brasil
Publicado em 16/05/2016 - 08:29
Salvador
Novos Baianos fecham festival Sou a Concha e marcam reabertura da Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador
© Sayonara Moreno/Agência Brasil
Novos Baianos fecham festival Sou a Concha e marcam reabertura da Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador

Novos Baianos fecham festival Sou a Concha e marcam reabertura da Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em SalvadorSayonara Moreno/Agência Brasil

Presente e passado se encontraram na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador, na noite desse domingo (15). O show de reencontro com a formação original do grupo Novos Baianos encerrou o festival Eu Sou a Concha, que celebrou a reabertura do espaço. Canções que fizeram parte dos dez anos de trajetória do grupo (entre 1969 e 1979) levaram o público a reações variadas, como em Dê Um Rolê, terceira canção do show, quando as pessoas cantaram junto com os músicos, aos gritos e aplausos.

A socióloga Jaqueline Portela, de 28 anos, era uma delas. Acompanhou quase todas as canções, junto com a banda. O segredo, ela diz, é a admiração pela qualidade das músicas. “Amo essa banda, conheço a obra deles, o show está espetacular, maravilhoso. Quando vi que eles estariam aqui na Concha, com a formação original, quase não acreditei, porque embora não sejam da minha época, eu gosto muito e sei do legado da obra deles que chegou a mim. É espetacular essa oportunidade, estou extasiada”, disse a baiana.

Durante a apresentação, o poeta e compositor Luiz Galvão também participou da interação com o público, quando declamou um de seus poemas, em parceria com Moraes Moreira, chamado Amar-te. Ele é autor ainda de Acabou Chorare e Preta Pretinha.

Também no repertório de Novos Baianos, músicas clássicas que resistiram ao fim da banda e ao tempo em que ficaram afastados. A Menina Dança, Samba da Minha Terra, Acabou Chorare, Preta Pretinha, Mistério do Planeta se somaram a músicas cantadas em homenagem a João Gilberto, cantor baiano precursor da Bossa Nova, a quem Baby Consuelo – vocalista dos Novos Baianos – definiu, no palco, de mentor espiritual do álbum Acabou Chorare, lançado pelo grupo, na década de 70, e considerado o melhor álbum brasileiro de todos os tempos, pela crítica musical.

Na homenagem, Baby cantou Desafinado e Moraes Moreira apresentou Chega de Saudade, pedindo ao público que cantasse junto. Assim, Moreira deixou a segunda parte da música para que a plateia cantasse com a banda, parte considerada emocionante, no show. Em alguns momentos, houve manifestações do público contra o presidente interino da República, Michel Temer, com gritos, faixas e cartazes com a expressão “Fora, Temer”.

O aposentado Flávio Carvalho, de 65 anos, também esteve no show e se disse realizado com a oportunidade de ver o grupo, depois de tantos anos. “Foi emocionante, curti muito quando eles estavam na ativa. Vê-los cantando, de novo, me fez relembrar a juventude, foi muito bom”, disse o baiano, sorridente e declarando a satisfação de ter assistido à apresentação.

Bastidores

Depois de duas horas de apresentação, os Novos Baianos deixaram o palco, mais uma vez aplaudidos pela plateia. Após muitos agradecimentos pelo carinho do público, lembraram que, nesta segunda-feira (16), voltarão ao palco da Concha Acústica.

Nos bastidores, após o show, o grupo andava abraçado, demonstrando sintonia e satisfação pela apresentação que acabavam de fazer. “Esse encontro é sensacional, maravilhoso, porque nós vivemos juntos, por muitos anos, morando no mesmo apartamento. Aprendemos muito, juntos. Para nós, é um momento de família”, disse a vocalista Baby Consuelo.

Sobre a recepção do público, o violonista Moraes Moreira definiu como “uma loucura”. “O [som do] público entrava pelo fone da gente, o que era uma loucura. Eu mandei abaixar o microfone de ambiente, porque estava demais. Quando o público entra cantando, cobre tudo! É uma coisa linda, maravilhosa”, descreveu o músico.

Ainda sobre o público, Pepeu Gomes comentou sobre a diversidade de faixa etária e a presença de pessoas jovens, na plateia, participando do show. “Pra gente é maravilhoso saber que o trabalho da gente está atravessando gerações. Estamos aí, há quase 50 anos. O Acabou Chorare foi um disco emblemático. E quando a gente vê os filhos e os netos dos nossos fãs cantando é fantástico.”

Durante a entrevista, os integrantes ainda falaram sobre a possibilidade de fazerem mais shows juntos, inclusive em outros estados. “A partir do momento que houve esse carinho todo com o público, esse amor, e a gente vê que as gerações absorveram nossa música. Não tem como a gente se encolher nesse momento. Precisamos nos doar para todos eles, que estão sedentos por isso e aa gente entende que o Brasil precisa dessa passada nossa, que além de tudo, tem uma experiência de vida para compartilhar, num momento de tanta loucura no país”, anunciou Baby Consuelo, considerando, também, a possibilidade de um novo álbum do grupo.

Concha Acústica de Salvador

A reabertura da Concha Acústica de Salvador foi comemorada com o festival Eu Sou a Concha. Com o sucesso dos shows e a receptividade do público, a direção do Teatro Castro Alves definiu que o festival deve continuar, anualmente, sempre na primeira quinzena de maio.

“A Concha é importantíssima para o cenário cultural da cidade. O mais importante é que todos os artistas adoram tocar aqui, como João Gilberto que já elogiou várias vezes o lugar. Aqui é fantástico, tem uma energia boa que tem tudo a ver com os Novos Baianos. A gente começou nos grandes shows, nos eventos do verão de 1970, aqui”, elogiou o vocalista Paulinho Boca de Cantor.