Arábia e Café com Canela são os filmes vencedores do Festival de Brasília
O Festival de Brasília do Cinema Brasileiro anunciou na noite desse domingo (24) os filmes vencedores de sua 50ª edição.
O júri oficial premiou o longa-metragem Arábia (MG) como melhor filme, enquanto a escolha do júri popular para melhor longa ficou com Café com Canela (BA), que recebe o Prêmio Petrobras de Cinema, no valor de R$ 200 mil. Os recursos vão contemplar a distribuição do filme em pelo menos 15 salas e cinco praças ao longo dos primeiros 90 dias de lançamento comercial.
Entre os curtas-metragens levaram o prêmio de melhor filme Tentei (PR), de Laís Melo, pelo júri oficial, e Carneiro de Ouro (DF), dirigido por Dácia Ibiapina, pelo júri popular, que recebe o prêmio de Estímulo ao Curta Metragem, no valor de R$ 40 mil.
Exibido na última noite da mostra competitiva, no sábado (23), Arábia foi dirigido por Affonso Uchoa, autor de A Vizinhança do Tigre (2014), e João Dumans, roteirista de A cidade onde envelheço (2016), filme vencedor da edição de 2016 do Festival de Brasília. Situado em Ouro Preto, o filme retrata a vida do personagem Cristiano (Aristides de Souza), morador da Vila Operária. A narrativa da vida de Cristiano aparece no filme por meio de seu caderno de memórias, lido por um garoto de classe média.
“Uma das coisas que mais me encantou [ao fazer o filme] foi poder falar de lugares onde a gente não está inserido”, afirmou Affonso Uchoa ao receber a premiação. João Dumans dedicou o prêmio aos moradores dos distritos de Bento Rodrigues e de Paracatu de Baixo, em Minas Gerais, afetados pelo vazamento da Barragem da Samarco.
Durante o debate realizado na manhã desse domingo (24) com a equipe do longa-metragem, Uchoa falou sobre a escolha de filmar o tipo de realidade abordada no filme. "É um olhar sobre a sociedade, um tipo de história que deve ser contada: do encontro com a periferia. O fato de ter trabalhado isso no cinema [em A Vizinhança do Tigre] e de ter aprofundado esse encontro, a relação com o universo da periferia mudou a nossa vida, a nossa visão de cinema e fez a gente querer trabalhar isso no filme de uma segunda maneira, mais narrativa e ficcional”.
Com muitos elementos de literatura, Arábia é um road movie (filme de estrada) da perspectiva de um operário brasileiro. “Essa tradição do caminheiro, do andarilho, tudo bem que isso se cristalizou em torno da ideia de road movie, mas o Brasil sempre teve isso. Esses personagens, isso é nosso também, não é um gênero deles. Isso é filme de trecho, a gente vai ter que chamar de filme de trecho. Porque é o filme do trabalhador de estrada, que faz parte da nossa realidade”, afirmou João Dumans durante a discussão sobre a obra.
Exibido na útima segunda-feira (18), Café com Canela é o primeiro longa-metragem dirigido em parceria por Ary Rosa e Glenda Nicácio. O filme se passa nas cidades de Cachoeira e São Félix, no Recôncavo Baiano, e trata do reencontro entre duas mulheres que vivem momentos bastante diferentes. Ao encontrar sua professora Margarida (Valdinéia Soriano) em uma situação de isolamento, Violeta (Aline Brunne) busca com pequenos gestos levar alegria à amiga.
Ary Rosa e Glenda Nicácio formaram-se em cinema pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia e fundaram a produtora independente Rosza Filmes, em Cachoeira, cidade que permeia todo o filme, desde a música até a forma como são pensadas as cenas. O filme foi elogiado, durante a sessão de debate, por críticos e diretores, pela linguagem cinematográfica e a construção dos personagens, cujo elenco é todo formado por atores e atrizes negros.
“A cidade é um elemento da narrativa e da linguagem. A gente assumiu Cachoeira e tudo é pensado com o respeito dessa cidade, então a gente, com muito cuidado, fez esse movimento de agregá-la ao filme”, contou Ary Rosa. Glenda considera que a experiência de compartilhar a produção com outras mulheres negras potencializou o filme. “Estar falando de mulheres negras no lugar em que a gente está, como é potente isso, como eu me entendi melhor como mulher depois de ter feito Café [com Canela].
Para a diretora, é um filme que trata de afeto e de encontro. “As atrizes se encontram, o filme se encontra, o público se encontra com o filme aparentemente. O filme propõe um encontro com os nossos, com os que não foram vistos ou com os que são vistos sempre da mesma forma, no plano secundário”, afirmou .
Além de melhor filme, Arábia foi contemplado com mais quatro prêmios nas categorias ator (Aristides de Souza), montagem e trilha sonora, pelo júri oficial, e melhor filme pelo Prêmio Abraccine. Já Café com Canela venceu com os prêmios de melhor roteiro e melhor atriz (Valdineia Soriano).
A categoria de melhor direção teve como vencedor o realizador brasiliense Adirley Queirós pelo filme Era Uma Vez Brasília. A obra do Distrito Federal levou também os títulos de melhor fotografia e melhor som. Entre os prêmios de melhor ator e atriz aoadjuvantes, levaram o Troféu Candango os atores Alexandre Sena, por O Nó do Diabo (PB) e Jai Baptista, por Vazante (SP).
Entre os curtas, além de melhor filme pelo júri oficial, Tentei (PR) levou o prêmio de melhor atriz para Patrícia Saravy e melhor fotografia para Renata Corrêa. Os Irmãos Carvalho levaram o prêmio de melhor direção pelo filme Chico (RJ), também vencedor na categoria melhor som e o prêmio Canal Brasil. Marcus Curvelo foi premiado como melhor ator por Mamata (BA), que ganhou também na categoria de melhor montagem. O prêmio de melhor roteiro foi concedido a Ananda Radhika, por Peripatético (SP).
Na Mostra Brasília, o longa escolhido pelo júri popular recebe R$ 40 mil, além dos R$ 100 mil do Prêmio Petrobras, que garantem a distribuição em pelo menos dez salas e três praças ao longo dos primeiros 90 dias de lançamento comercial. O melhor curta da categoria leva R$ 10 mil, além dos troféus concedidos pela Câmara Legislativa do DF. Entre cachês de seleção e prêmios em dinheiro, o Festival de Brasília, em conjunto com parceiros, concede, em 2017 a quantia de R$ 730 mil. No total, o festival apresentou 144 obras que compuseram mostras competitivas e retrospectivas, durante dez dias de evento.
Confira a lista completa dos filmes premiados na 50ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.
Prêmios Oficiais
Troféu Candango – Longa-metragem
Melhor filme: Arábia, dirigido por Affonso Uchoa e João Dumans
Melhor direção: Adirley Queirós, por Era uma vez Brasília
Melhor ator: Aristides de Sousa, por Arábia
Melhor atriz: Valdinéia Soriano, por Café com canela
Melhor ator coadjuvante: Alexandre Sena, por Nó do Diabo
Melhor atriz coadjuvante: Jai Baptista, por Vazante
Melhor roteiro: Ary Rosa, por Café com canela
Melhor fotografia: Joana Pimenta, por Era uma vez Brasília
Melhor direção de arte: Valdy Lopes, por Vazante.
Melhor trilha sonora: Francisco Cesar e Cristopher Mack, por Arábia
Melhor som: Guile Martins, Daniel Turini e Fernando Henna, por Era uma vez Brasília
Melhor montagem: Luiz Pretti e Rodrigo Lima, por Arábia
Prêmio Especial do Júri: melhor ator social para Emelyn Fischer, por Música para quando as Luzes se apagam
Júri popular ( Prêmio Petrobras de Cinema) longa-metragem: Café com canela, dirigido por Ary Rosa e Glenda Nicácio
Prêmios Oficiais
Troféu Candango – Curta-metragem
Melhor filme: Tentei, dirigido por Laís Melo
Melhor direção: Irmãos Carvalho, por Chico
Melhor ator: Marcus Curvelo, por Mamata
Melhor atriz: Patricia Saravy, por Tentei
Melhor roteiro: Ananda Radhika, por Peripatético
Melhor fotografia: Renata Corrêa, por Tentei
Melhor direção de arte: Pedro Franz e Rafael Coutinho, por Torre
Melhor trilha sonora: Marlon Trindade, por Nada
Melhor som: Gustavo Andrade, por Chico
Melhor montagem: Amanda Devulsky e Marcus Curvelo, por Mamata
Prêmio especial: Peripatético, dirigido por Jéssica Queiroz
Júri Popular – Curta-metragem: Carneiro de ouro, dirigido por Dácia Ibiapina
Outros Prêmios
Canal Brasil: Chico, dirigido por Irmãos Carvalho
Abraccine: melhor filme de longa-metragem: Arábia, dirigido por Affonso Uchoa e João Dumans; melhor curta-metragem: Mamata, dirigido por Marcus Curvelo
Prêmio Saruê: Afronte, direção de Marcus Azevedo e Bruno Victor
Prêmio Marco Antônio Guimarães: Construindo pontes, dirigido por Heloísa Passos
Prêmio CiaRio/Naymar: melhor curta pelo júri popular: Carneiro de ouro, dirigido por Dácia Ibiapina
MOSTRA BRASÍLIA - 22º Troféu Câmara Legislativa do Distrito Federal
Prêmios do Júri Oficial
Melhor longa-metragem (R$ 100 mil): O fantástico Patinho Feio, dirigido por Denilson Félix
Melhor curta-metragem (R$ 30 mil): UrSortudo, dirigido por Januário Jr
Tekoha – Som da Terra, dirigido por Rodrigo Arajeju e Valdelice Veron
Melhor direção (R$ 12 mil): Dácia Ibiapina, por Carneiro de ouro
Melhor ator (R$ 6 mil): Elder de Paula, por UrSortudo
Melhor atriz (R$ 6 mil): Rafaela Machado, por Menina de barro
Melhor roteiro (R$ 6 mil): Januário Jr., por UrSortudo
Melhor fotografia (R$ 6 mil): Gustavo Serrate, por A margem do universo
Melhor montagem (R$ 6 mil): Lucas Araque, por Afronte
Melhor direção de arte (R$ 6 mil): Bianca Novais, Flora Egécia e Pato Sardá, por O Menino Leão e a Menina Coruja
Melhor edição de som (R$ 6 mil): Maurício Fonteles, por Tekoha – Som da Terra
Melhor trilha sonora (R$ 6 mil): Ramiro Galas, por O vídeo de 6 faces
Prêmios do Júri Popular
Melhor longa-metragem (R$ 40 mil): Menina de barro, dirigido por Vinícius Machado
Melhor curta-metragem (R$ 10 mil): O Menino Leão e a Menina Coruja, dirigido por Renan Montenegro
Prêmio Petrobras de Cinema - Para o melhor longa-metragem pelo Júri Popular da Mostra Brasília: Menina de barro, dirigido por Vinícius Machado
Prêmio Plug.in - Para o melhor longa-metragem escolhido pelo Júri Popular da Mostra Brasília: Menina de barro, dirigido por Vinícius Machado
Prêmio ABCV – Associação Brasiliense de Cinema e Vídeo: Marco Curi, Manfredo Caldas e Geraldo Moraes
Prêmio CiaRIO
Melhor longa-metragem escolhido pelo Júri Popular da Mostra Brasília: Menina de barro, dirigido por Vinícius Machado
Melhor curta-metragem escolhido pelo Júri Popular da Mostra Brasília: O Menino Leão e a Menina Coruja, dirigido por Renan Montenegro
FestuniBrasília – 1º Festival Universitário de Cinema de Brasília
Melhor filme: O arco do medo, dirigido por Juan Rodrigues (Universidade Federal do Recôncavo Baiano)
Melhor direção: Fervendo, dirigido por Camila Gregório (Universidade Federal do Recôncavo Baiano)
Júri popular: O Homem que não cabia em Brasília, dirigido por Gustavo Menezes (UnB)
Menção honrosa – Método de construção criativa: Afronte, dirigido por Bruno Victor e Marcus Azevedo (UnB)
Menção honrosa – Fotografia: Gabriela Akashi, por Serenata (USP)
Menção honrosa – Filme de animação: Mira, dirigido por Janaína da Veiga (Unespar)