Sete escolas de samba abrem desfile hoje em São Paulo
Com homenagens a Martinho da Vila e ao Grupo Fundo de Quintal, aos caminhoneiros e ao Maranhão, sete escolas abrem hoje (9) os desfiles de escolas de samba de São Paulo a partir das 23h15.
Nesta primeira noite, a maior expectativa é em relação ao desfile da Acadêmicos do Tatuapé, campeã de 2017 e apontada como uma das favoritas ao título. Outra agremiação de forte apelo, graças à grande torcida, é a Rosas de Ouro.
Resta uma pequena parte disponível dos 33 mil ingressos colocados à venda no Sambódromo do Anhembi, na zona norte de São Paulo. Eles podem ser comprados pelo site da Liga das Escolas de Samba.
As agremiações que se apresentam hoje são, pela ordem, Independente Tricolor, Unidos do Peruche, Acadêmicos do Tucuruvi, Mancha Verde, Acadêmicos do Tatuapé, Rosas de Ouro e Tom Maior. Amanhã, outras sete completam a disputa.
A apuração das notas será na terça-feira, e as duas escolas com menor pontuação serão rebaixadas para o Grupo de Acesso. A Acadêmicos do Tucuruvi não será julgada. Ela foi vítima de um incêndio que destruiu suas fantasias no início do ano e desfilará sem competir, com lugar já garantido no desfile de 2019.
Conheça os enredos das escolas que desfilam nesta sexta:
Independente Tricolor
A Independente, escola ligada à torcida organizada do São Paulo, estreia no Grupo Especial, às 23h15, com o enredo Em cartaz: Luz, Câmera e Terror… Uma Produção Independente!. A ideia é fazer um passeio pela história dos filmes de terror e explorar o medo e a paixão que eles provocam no público. A estrela da escola será José Mujica Marins, o Zé do Caixão. O desfile terá fantasmas, bruxas, vampiros e, claro, muitos zumbis.
A Torcida Independente do São Paulo começou a se organizar para participar do Carnaval de São Paulo no início dos anos 2000, dentro do movimento que envolveu outras torcidas organizadas como Mancha Alviverde, do Palmeiras, e Torcida Jovem, do Santos, seguindo os passos da corintiana Gaviões da Fiel.
A escola conquistou um lugar na elite do carnaval paulistano ao obter o vice-campeonato do Grupo de Acesso em 2017. Foi a terceira tentativa da agremiação. Na primeira, em 2015, a Independente foi prejudicada por uma tempestade que quase a impediu de desfilar. No ano seguinte, faltou pouco para subir: a escola ficou em terceiro. Em 2017, teve a mesma pontuação da Colorado do Brás, mas ficou com o vice-campeonato pelo critério de desempate e subiu.
Unidos do Peruche
Ao manter a tradição de falar das origens do samba e seus grandes personagens, bem como das relações ancestrais com a África, a Unidos do Peruche homenageará na avenida, às 0h20, o sambista Martinho da Vila. O enredo Peruche Celebra Martinho. 80 anos do Dikamba da Vila promete mostrar todas as facetas do compositor, cantor e pesquisador da cultura afro-brasileira.
Além da própria obra do sambista, a escola pretende mostrar o trabalho de Martinho no resgate das raízes e das primeiras gerações da música nacional, no estudo das manifestações culturais brasileiras e na pesquisa das relações entre os povos do Brasil e da África.
A Peruche é uma das veteranas de São Paulo. Fundada em 1956, a agramiação foi uma das grandes campeãs no período em que o carnaval paulista era dividido em dois ambientes, o das escolas de samba e o dos cordões. Ganhou cinco títulos em 12 anos.
Na década de 1980, teve Joãosinho Trinta como carnavalesco e Jamelão como intérprete. Neste período, foi vice-campeã em 1989 e 1990. Depois, entrou num processo de altos e baixos que culminou com quedas para o Grupo de Acesso. Voltou ao Especial em 2015.
Acadêmicos do Tucuruvi
A Acadêmicos do Tucuruvi não será julgada este ano. A decisão foi tomada pela Liga das Escolas de Samba de São Paulo depois que um incêndio destruiu seu barracão de fantasias, no início do ano. O fogo queimou cerca de 2 mil fantasias. Mesmo assim, a agremiação desfilará, às 1h25, com o enredo Uma Noite no Museu.
A proposta é contar a histórias dos museus desde a antiguidade e sua importância na preservação da memória e da história. As alegorias, que não foram atingidas pelo incêndio, vão representar museus de história, de artes, de ciência e até os bizarros. Também há espaço para os museus brasileiros da Língua Portuguesa, do Índio, do Amanhã, do Folclore e do Futebol, entre outros.
A Acadêmicos do Tucuruvi surgiu em 1976 e estreou nos desfiles paulistanos no ano seguinte. Escola de recursos limitados, tem como objetivo manter-se no grupo de cima. Sua melhor colocação foi o segundo lugar em 2011.
Mancha Verde
Os 40 anos do Grupo Fundo de Quintal são a inspiração do desfile da Mancha Verde deste ano. Com o enredo A Amizade, a Mancha Agradece do Fundo do Nosso Quintal, a escola entre no sambódromo, às 2h30, para contar a trajetória deste que é um dos principais grupos de samba do Brasil nas últimas décadas e que revelou nomes como Arlindo Cruz, Jorge Aragão, Sombrinha e Almir Guineto.
Para falar da Batucada dos Nossos Tantãs, a Mancha volta no tempo e desembarca no bloco Cacique de Ramos, onde o Fundo de Quintal começou a tomar forma. O desfile também passa pela Imperatriz Leopoldinense, escola de coração de parte dos componentes do grupo, e faz referências a seus grandes sucessos.
A Mancha Verde como escola de samba surgiu dentro da torcida organizada do Palmeiras (hoje Mancha Alviverde) no início dos anos 2000. No carnaval de 2004, com o tema A Saga Italiana em Terra Paulistana, subiu para o Grupo Especial.
Logo identificada por seus enredos que fogem do lugar comum, a Mancha rapidamente passou a ocupar as primeiras colocações. Foi três vezes quarta colocada, de 2010 a 2012. Nos anos seguintes, porém, iniciou um período de quedas e voltas. Com a 13ª colocação em 2013, desceu para o Grupo de Acesso. Em 2014, conquistou o direito de voltar à elite, mas em 2015 caiu de novo cantando o centenário do Palmeiras. Em 2016, nova subida e, no ano passado, a escola finalmente conseguiu se manter entre as grandes, porém, com uma 10ª colocação.
Atual campeã do carnaval paulistano, a Acadêmicos do Tatuapé vai apresentar, às 3h35, na avenida o enredo Maranhão, os Tambores vão Ecoar na Terra da Encantaria, que pretende contar a história do estado a partir das particularidades de seu povo, da riqueza cultural e das belezas naturais.
A capital São Luís vai merecer um tratamento especial, com destaque para a arquitetura singular, que une o casario colonial adornado de azulejos às habitações populares típicas.
A escola surgiu em 1952, com o nome Unidos da Vila Izabel. Chegou ao terceiro lugar do carnaval em 1969 e 1970, mas em 1986 encerrou as atividades por cinco anos.
A partir de 1991, a escola iniciou um processo de resgate que incluiu a sucessiva promoção pelos diversos grupos do carnaval até retornar ao Grupo Especial em 2004. Caiu em 2006 e retornou à elite em 2013 para permanecer de vez.
Desde a volta ao desfile principal, a Tatuapé vem apresentando bons desfiles, sempre apontada como uma das candidatas ao título. Em 2015, a perda de um ponto por exceder o tempo de desfile tirou-a das primeiras colocações e quase causou nova queda. No ano seguinte, a escola foi vice-campeã, a apenas três décimos da vencedora, a Império de Casa Verde. Até que, finalmente, em 2017, o título veio, com o enredo Mãe África Conta a Sua História. Do Berço Sagrado da Humanidade à Abençoada Terra do Ouro.
Rosas de Ouro
O universo dos caminhoneiros é o tema do desfile da Rosas de Ouro para este carnaval, às 4h40. O enredo Pelas Estradas da Vida, Sonhos e Aventuras de um Herói Brasileiro” pretende mostrar como é a vida desses profissionais, suas angústias e alegrias, a religiosidade, a música e os costumes.
Na boleia dos homenageados, a escola também vai mostrar um pouco do Brasil e suas singularidades, cenários, costumes, tradições, culinária. Não vão faltar citações a artistas que cantaram a vida nas estradas e produções de TV e cinema sobre o tema.
Com sete títulos, a Sociedade Rosas de Ouro é uma das grandes campeãs do Carnaval de São Paulo. Foi fundada por quatro amigos em 1971, na Brasilândia. Seu nome é uma referência a um presente dado pelo papa Leão 13 à Princesa Isabel pelo seu gesto de abolir a escravidão no Brasil.
Ao lado da Camisa Verde, dominou o Carnaval de São Paulo nos anos de 1980 com enredos ligados à história da cidade. Seu primeiro campeonato é de 1983, foi tricampeã entre 1990 e 1992, e a última conquista ocorreu em 2010.
Tom Maior
A vida da imperatriz Maria Leopoldina, esposa de D. Pedro I, e sua relação com o samba formam o enredo que Tom Maior para este carnaval, que se apresenta às 5h45. Com o tema O Brasil de Duas Imperatrizes: De Viena Para o Mundo, Carolina Josefa Leopoldina; de Ramos, Imperatriz Leopoldinense, a escola pretende contar a trajetória dessa personagem central da Independência e sua influência nas decisões do marido num momento crucial da história brasileira.
Mulher caridosa, tida como protetora dos pobres e amante da natureza brasileira, Leopoldina morreu aos 29 anos. Seu nome foi dado a uma ferrovia que tem um trecho que corta os subúrbios do Rio de Janeiro. Num ponto às suas margens, no bairro de Ramos, nasceu a escola de samba Imperatriz Leopoldinense. E é a agremiação carioca que complementa o enredo da Tom Maior. A escola sai dos palácios da corte imperial para o subúrbio carioca para saudar a tradicional agremiação carioca, que também já homenageou a princesa austríaco-brasileira.
Fundada em 1973 no bairro de Sumaré, a Tom Maior sempre concentrou universitários, professores e artistas, o que lhe deu fama de ligação com a intelectualidade e influenciou na definição dos enredos. A trajetória da Tom Maior é de quedas para o Grupo de Acesso e voltas à elite, o que ocorreu pela última vez em 2016.