Pintura da fachada do Pateo do Collegio, em São Paulo, começa segunda-feira
A pintura da fachada do Pateo do Collegio, que começará na próxima segunda-feira (16), terá a consultoria voluntária da arquiteta Ana Pecoraro, responsável pela restauração da única peça original do conjunto arquitetônico, uma parede de taipa de 1554, que fica exposta no interior do prédio. Na madrugada de terça-feira (10), o prédio amanheceu pichado com a frase “olhai por nois” em letras vermelhas.
A arquiteta explicou que, por ser uma reprodução da escola jesuíta original, o prédio não precisa ser encarado como patrimônio. “A parede do Pateo do Collegio não é uma estrutura original mais. Ela é concreto, uma fachada moderna, é uma réplica. Então, na verdade, não necessita ser encarado como um patrimônio, como um restauro de elementos arquitetônicos, como eu estou acostumada a fazer.”
Na tarde de hoje (13), voluntários estiveram reunidos no Pateo do Collegio para definir a estratégia a ser adotada na recuperação da fachada. Ana Pecoraro informou que, como são elementos arquitetônicos, os azulejos e as pedras do beiral terão tratamento especial. “Vamos fazer uma limpeza com gel e solventes, que dissolvem a tinta aplicada em cima e não interferem no original”, disse a arquiteta.
O prédio é tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp).
O prédio do Pateo do Collegio foi reconstruído na década de 70 do século passado. “Nessa época, nos anos 70, os arquitetos tinham outro tipo de visão sobre restauração. Hoje existem pesquisas mundiais sobre os elementos arquitetônicos, e tudo mais, e tratamos [a questão] de modo bem diferente, de modo mais conservador”, ressaltou.
Segundo Ana, na época, eram considerados mais relevantes elementos de estilo. “Era uma reforma estilística. Hoje em dia, temos outro tipo de visão sobre patrimônio, uma visão conservadora. que tem a ver com autenticidade.”
Sobre a pintura do prédio, a arquiteta disse que não serão necessários cuidados especiais. “Vai ter que lixar e refazer a parte da tinta.” Serão tratados com autenticidade os frontões, beiral de pedra, azulejos e a parte de madeira das janelas. “Essa madeira foi recolocada nos anos 70, mas vamos tratar como original”, disse Ana, lembrando que a fachada da década de 1970 foi refeita sem que fossem considerados elementos de autenticidade. “Isso não é, na verdade, nem feito originalmente. Uma fachada antiga seria de taipa, como é lá dentro, taipa de pilão. A argamassa era feita, antigamente, com tabatinga, que era tipo uma argila, branca, e caiação.”
Doutora em arquitetura pela Universidade de São Paulo (USP) e com tese sobre arquitetura jesuíta de taipa, Ana Pecoraro disse que se ofereceu como voluntária em consideração aos jesuítas que lhe cederam amostras de um altar localizado em Embu das Artes (SP), que era tema da pesquisa de doutorado.
Investigação
Nesta sexta-feira (13), a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que foram interrogados dois dos três investigados pelo crime ambiental de pichação. Durante o interrogatório, os investigados alegaram motivação ideológica para as pichações no Pateo do Collegio. Eles também assumiram autoria de pichações feitas no Monumento às Bandeiras e na estátua de Borba Gato.