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Governo do Rio pode desapropriar galpões onde funciona Museu da Maré

Isabela Vieira - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 20/12/2014 - 17:22
Rio de Janeiro
Inaugurado em 2006, o Museu da Maré, no complexo da Maré, zona norte da cidade, está sob a ameaça de despejo. (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
© Tânia Rêgo/Agência Brasil
Inaugurado em 2006, o Museu da Maré, no complexo da Maré, zona norte da cidade, está sob a ameaça de despejo. (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Inaugurado em 2006, o Museu da Maré, no complexo da Maré, zona norte da cidade, está sob ameaça de despejo Tânia Rêgo/Agência Brasil

O governo do estado do Rio de Janeiro pode desapropriar os galpões privados onde funciona o Museu da Maré, no Rio de Janeiro. O Grupo Libra, dono do imóvel, pediu de volta o espaço, frequentado por cerca de 400 pessoas por semana e cedido ao museu há 11 anos. Para evitar o despejo, marcado para março, a desapropriação por interesse social é uma das soluções e foi solicitada nos últimos dias pelo Instituto de Terras do Estado do Rio de Janeiro (Iterj).

A informação foi passada hoje (20) pela presidente do Iterj, Elisabeth Mayumi Sone, que participou de  almoço em comemoração ao título de destino turístico prioritário concedido ao museu pelo Conselho Estadual de Turismo. O local guarda a memória da ocupação do bairro, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, e reúne mais de 5 mil fotos, biblioteca, a réplica de uma casa de palafita tradicional, além de realizar oficinas de dança, música, teatro e de artesanato para crianças, jovens e adultos.

“O Iterj solicita a avaliação do imóvel para Procuradoria Geral do Estado (PGE) e encaminha para o governador, que decide com base no valor de mercado se decreta [ou não] a área de interesse social para fins de desapropriação”, explicou Elisabeth Mayumi.

O pedido de desapropriação foi provocado pelo secretário de estado de Turismo do Rio de Janeiro, Cláudio Magnavita, que solicitou ao proprietário a prorrogação da desocupação, prevista inicialmente para 9 de dezembro.  “O grupo abriu o diálogo. Faltava a tutela governamental para buscar uma solução e, agora, o governador Luiz Fernando Pezão determinou que a gente buscasse uma solução”, revelou. “Não podemos esquecer que o museu existe por causa do mecenato do Grupo Libra, que cede o espaço sem ônus desde 2003”, frisou o secretário.

Com o título entregue hoje, a ideia de Magnavita é fomentar visitas ao museu. “Este é um equipamento concebido pela comunidade e referência na museologia social”, lembrou. Para colocar em prática a proposta, foram instaladas placas nas proximidades indicando a localização do museu, além do convite a operadores de turismo para o almoço de hoje. O agente de turismo Denis Penales, um dos convidados, disse que estuda casar um passeio que é feito ao teleférico do Complexo do Alemão com uma visita ao Museu da Maré.

Uma das fundadoras da instituição Cláudia Rose Ribeiro espera não só colocar o museu na rota de turismo, mas também que o centro permaneça no local. Ela revela que a prefeitura já pesquisou e não encontrou uma área com o mesmo tamanho para as atividades e a mesma facilidade de acesso. Com a desapropriação e fixação no local, acredita que poderá investir em melhorias.

“Temos um espaço cedido, não podemos fazer grande obras, somente reparos. Mas nosso projeto é mudar o muro, fazer algo aberto onde a comunidade pudesse interagir mais, ver o que está acontecendo aqui dentro, colocar árvores na entrada, mesinhas”, disse.

Segundo Cláudia, o local é um oásis na comunidade de 150 mil pessoas. “É um espaço privilegiado pela localização e que abriga atividades em diversas linguagens, como dança e artesanato. Já tivemos [também] espetáculos de dança contemporânea“, lembrou. Cerca de 400 pessoas, de 3 anos a 80 anos de idade, circulam semanalmente no museu.

A reportagem da Agência Brasil entrou em contato com o Grupo Libra na sexta-feira (19) para saber sobre as negociações, mas a assessoria de imprensa não retornou as ligações.