No Dia Internacional do Riso, palhaços e contadores de histórias animam idosos

Publicado em 18/01/2015 - 19:44 Por Paulo Virgílio - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro
Atualizado em 19/01/2015 - 17:45

Palhaço Tuiuí brinca com dona Judite e outras idosas do Abrigo do Cristo Redentor

Palhaço Tuiuí brinca com dona Judite e outras idosas do Abrigo do Cristo RedentorPaulo Virgílio/Agência Brasil

Sentadas em um banco na entrada de um dos pavilhões do Abrigo do Cristo Redentor de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, idosas ouvem atentamente o palhaço Tuiuí, acompanhado do músico Leo Gonzaga, ao violão, tocar numa gaita Asa Branca, de Luiz Gonzaga. Motivadas pela música, algumas começam a cantar e a dançar.

Outros idosos vão se juntando ao grupo, animados com a chegada dos demais integrantes do coletivo Experimentalismo Brabo, que há um ano leva ao abrigo, instituição filantrópica que dá assistência a 200 idosos carentes, um cortejo de música, palhaçaria, brincação e contação de histórias. Neste domingo (18), Dia Internacional do Riso, Tuiuí, Leo, a palhaça Primeira Dama e as contadoras de histórias Cristina Pizzotti, Melissa Coelho e Camila Lima levaram alegria aos idosos, há anos internados no asilo.

Enquanto Cristina contava para uma idosa a história Os Dois Cegos Briguentos, anedota popular do livro Armazém do Folclore, de Ricardo Azevedo, Tuiuí conversava com a interna Judite, de quem ouviu histórias e recebeu uma proposta de casamento. Juran de Oliveira, “de mais de 60 anos”, foi o padre da “cerimônia”, encerrada com dança ao som de Asa Branca  e outras canções.

“A gente procura estimular o idoso a não apenas assistir às brincadeiras e ouvir as histórias, mas também a fazer parte do espetáculo, interagindo com as suas próprias vivências”, explica Leonardo Melo, o Salo – e também o palhaço Da Lapa – coordenador do Experimentalismo Brabo. O trabalho do grupo está em consonância com os benefícios já comprovados da terapia do riso, que, empregada em hospitais e asilos, tem conseguido amenizar a dor e melhorar o humor dos pacientes e internos.

“Os resultados não são imediatos, vão aparecendo com o tempo, ao longo das sucessivas visitas”, ressalta Melo. Um exemplo é a mineira Maria José, a Zezé, a mais animada do grupo. Estimulada pelo palhaço, com quem dançou e cantou, ela acabou contando suas vivências numa fazenda de Minas Gerais, onde “limpava as tetas das vacas e ajudava a carregar o leite”.

O cortejo percorre todos os pavilhões do Abrigo do Cristo Redentor e começa as brincadeiras pela ala feminina, onde ficam as idosas mais debilitadas fisicamente. “Aqui a interação é mais difícil”, revela Cristina Pizzotti, que se esforçava para atrair a atenção para a história do folclore que contava para dona Antonia Maria, de 55 anos, visivelmente mal-humorada e de poucas palavras.

Criado no complexo de favelas de Manguinhos, na zona norte do Rio, o coletivo Experimentalismo Brabo faz também em outros espaços intervenções artísticas voltadas para a reflexão sobre solidariedade, afeto, cultura de paz e cooperativismo. “Além do Abrigo do Cristo Redentor, atuamos em outras instituições para idosos e em favelas”, conta Leonardo Melo.

O grupo tem o apoio da Secretaria Estadual de Cultura.

*Matéria alterada às 17h45 do dia 19/01/2015 para correção de informação.

Edição: Valéria Aguiar

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