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Direitos Humanos

Jovens do Distrito Federal apresentam manifesto pelo trabalho e emprego

Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 14/09/2015 - 18:03
Brasília
O Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) lança o Manifesto da Juventude pelo Trabalho e Emprego (Wilson Dias/Agência Brasil)

O Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) lança o Manifesto da Juventude pelo Trabalho e Emprego (Wilson Dias/Agência Brasil)Wilson Dias/Agência Brasil

Jovens de cinco grupos diferentes do Distrito Federal apresentaram hoje (14), em Brasília, o Manifesto da Juventude pelo Trabalho e Emprego, construído a partir de oficinas feitas pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc). O documento foi entregue a representantes dos governos federal e do Distrito Federal. No manifesto, eles cobram políticas públicas de qualidade para a juventude e garantia de direitos em educação, trabalho e emprego.

O documento foi construído coletivamente por jovens do Projeto Pró-Catador, do Inesc, que atua com catadores de material reciclável no Distrito Federal; com jovens do Quilombo Mesquita, da Cidade Ocidental; com meninas adolescentes que cumprem medida socioeducativa na Unidade de Internação de Santa Maria; com jovens do Projeto Onda, do Inesc; e com estudantes do ensino público do Paranoá.

A ideia, segundo a assessora política do Inesc, Carmela Zigoni, foi buscar pessoas com culturas diferentes, mas que têm em comum a questão da desigualdade social e o desejo de entrar no mercado de trabalho. “A dificuldade de acesso às escolas de qualidade é uma agenda importante que temos que discutir. Existem vagas, mas a escola nem sempre tem a qualidade esperada. Outro ponto muito citado pelos jovens é a questão da permanência na universidade. Eles até estão conseguindo acessar o ensino, mas muitas vezes não conseguem comprar materiais”, disse.

Existem também algumas demandas mais particulares, segundo Carmela, como a dos quilombolas. Eles pedem por investimentos nas comunidades e na agricultura familiar para que não precisem migrar para outros lugares para trabalhar.

O secretário Nacional de Juventude, Gabriel Medina, disse que a maior parte das demandas feitas pelos jovens fazem parte de políticas públicas que o Brasil já desenvolve. “O governo brasileiro , em um momento muito difícil, tem que pensar como vamos preservar as políticas públicas e garantir que os jovens nãos sejam os principais afetados pelo aumento do desemprego no país. Não estamos em uma situação fácil, e estamos fazendo esse esforço”, disse

O jovem Israel Victor de Melo, de 20 anos, do Projeto Onda e do Fórum de Juventude Negra do Distrito Federal, acredita ser importante manter o diálogo com o poder público. “Mesmo que não tenhamos uma resposta exata do que se fazer, o intuito é conseguir manter o diálogo com as secretarias e os ministérios sobre políticas públicas que dizem respeito a essas demandas de juventude e trabalho.”

Entre as propostas para educação estão a construção de mais creches e escolas de ensino médio, formação profissional técnica, esporte e lazer, bolsas de permanência nas universidades públicas e privadas, cursos de línguas estrangeiras gratuitos, ampliação e regularização dos financiamentos estudantis, e internet banda larga gratuita nas escolas.

As propostas de políticas públicas para trabalho e emprego passam pela criação e aperfeiçoamento de postos de trabalho para o primeiro emprego e de um banco de currículos para jovens, políticas de crédito para cooperativas e estrutura para trabalho digno.

Outra questão importante que precisa ser levantada, segundo a assessora do Inesc, é o enfrentamento da violência contra a juventude negra. “É uma juventude que sofre descriminação, racismo, que muitas vezes tiveram que trabalhar na infância e agora estão lutando para tentar ter um futuro”, disse. O manifesto cita dados do Mapa da Violência, que demonstra que a cada jovem branco assassinado no Brasil, são mortos quatro jovens negros.

O mesmo projeto, sobre demandas da juventude para trabalho e emprego, também está sendo desenvolvido em Uganda, pela organização Cew-IT, e na Holanda, pela Netwerk Democratie e Movisie, Segundo Carmela, no final de setembro, os grupos dos três países se reunirão, na Holanda, para compartilhar os resultados dos manifestos nos três países.

O projeto tem apoio da Oxfam Novib e parceria da Plataforma E-Motive.