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Direitos Humanos

Virada da Maturidade em SP alerta para necessidade de inclusão do idoso

O evento foi descentralizado e promoveu mais de 150 atividades em 20
Elaine Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 04/10/2015 - 16:16
São Paulo
Virada da Maturidade no Parque da Água Branca, zona oeste da cidade de São Paulo
© Imagem de divulgação/Virada da Maturidade
Virada da Maturidade no Parque da Água Branca, zona oeste da cidade de São Paulo

No Parque da Água Branca, na zona oeste da cidade de São Paulo, a Virada da Maturidade promoveu atividades de dança e ginástica, entre outrasImagem de divulgação/Virada da Maturidade

Contação de histórias, música, dança, atividades esportivas, oficinas de artes, palestras, testes de saúde. Teve de tudo na primeira edição de Virada da Maturidade, evento que começou em São Paulo na quinta-feira (1º), Dia do Idoso, e terminou hoje (4). A organização promoveu mais de 150 atividades em 20 locais da cidade.

Segundo Fernanda Gouveia, uma das idealizadoras e coordenadora da Virada da Maturidade o objetivo é valorizar o idoso de uma forma diferente, fazendo com que a população pense no processo de envelhecimento como algo positivo e possa também "aproveitar a experiência e a sabedoria do idoso".

As atividades foram direcionadas para pessoas com mais de 60 anos, mas era aberta para pessoas de qualquer faixa etária. “As atividades foram quase que totalmente protagonizadas por eles ou tiveram sempre a participação ativa de idosos, porque queremos mostrar para a população que o idoso tanto pode aproveitar a vida como inspirar gerações”, disse Fernanda.

Na manhã de hoje, Leda Bianchi Poli, 72 anos, decidiu ir ao Parque da Água Branca, na zona oeste da capital, para aproveitar a Virada da Maturidade. A atividade que ela escolheu foi a ginástica. “Tem muitas senhoras de idade com depressão em casa e que precisam desses espaços. O governo tem que abrir espaços porque agora o Brasil está ficando idoso”, disse. Para ela, ainda falta muito para melhorar a situação da população com mais de 60 anos no país. “Falta educação dos jovens que sentam nos bancos destinados a idosos nos ônibus e mais condução para levar os idosos ao teatro e aos cinemas. O idoso hoje está dentro de casa com depressão, doente, e a doença às vezes é na cabeça”, acrescentou ela.

As amigas Dorta Nunes Amaral, 87 anos, e Joana Dark Leandro, 71 anos, também foram ao parque para a Virada da Maturidade. Elas dançaram e fizeram ginástica. “É importante [se exercitar] por causa da saúde. Tenho pressão alta e o joelho incha de vez em quando”, disse Joana, que faz ginástica constantemente. Para ela, é preciso ter mais locais onde o idoso possa se exercitar e fazer atividades. “Tem muita gente que não faz porque às vezes é muito longe e não dá para ir”, falou ela.

A população idosa tem crescido no país. Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, o número de idosos soma cerca de 22,9 milhões de pessoas atualmente (11,34% do total da população brasileira) e a expectativa é de que esse número triplique em 30 anos.

Segundo a terapeuta ocupacional Mariela Bessi, presidenta do Departamento de Gerontologia da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia de São Paulo, o país ainda não está totalmente preparado para o atendimento às pessoas nessa faixa de idade. “Em um primeiro momento, é [preciso] valorizar a pessoa idosa como alguém que tem capacidades e competências. O idoso tem participação importante na sociedade porque ele é um transmissor de memórias e de experiência", disse a terapeuta.

Mariela também salientou a importância de a população, em geral, mudar a percepção que tem da pessoa idosa. "É preciso mudar essa imagem do idoso aposentado e quieto em casa para a de alguém ativo e com condições e muito potencial ainda para produzir. A partir disso, é preciso ter mais equipamentos que atendam a essa população: de saúde, de lazer, culturais e até mesmo equipamentos que mantenham esse idoso na idade produtiva. Hoje vemos um aumento de idosos que continuam no mercado de trabalho”, disse ela.

De acordo com a terapeuta, essa mudança de percepção está ocorrendo no mundo todo. “Antes só se falava em envelhecimento saudável. Hoje temos um envelhecimento ativo que é aquele idoso que pode ter um diabetes, uma hipertensão ou algum tipo de doença, mas que não o limita em viver de forma ativa. E quando você consegue proporcionar espaços, não só de saúde, mas onde ele possa ser protagonista de sua própria vida, isso é muito importante. Estamos falando de inserção do idoso em qualquer espaço, onde todas as pessoas frequentam, tais como shoppings e teatros. O espaço deve estar adequado para qualquer pessoa, de qualquer idade”, acrescentou Mariela.