Família de criança morta por policiais no Alemão vai pedir nova investigação
O resultado do inquérito sobre o assassinato do menino Eduardo Pereira de Jesus Ferreira, de 10 anos, no dia 2 de abril deste ano, no Complexo do Alemão, inconformou toda a família do jovem. Para a mãe dele, Terezinha Maria de Jesus, o resultado está “errado e todo mal feito”.
Terezinha disse que vai pedir uma nova investigação, com a devida punição aos policiais militares envolvidos na morte de seu filho, assassinado com um tiro de fuzil na cabeça, disparado por um dos militares. Eles teriam trocado tiros com traficantes da região e um tiro disparado por um policial atingiu a criança, que morreu na hora.
“Eles vão ter que pagar a morte do meu filho. Eu vou lutar por justiça e não vou parar. Eu não vou engolir, eu não aceito esse resultado. Isso não vai ficar impune porque eu vou lutar até o fim, nem que seja para pagar com a minha vida. Eu não tenho medo. Se quiserem me matar, podem matar. Mas, eu vou morrer falando. Eu vou lutar até o fim da minha vida.”
Terezinha questionou se o resultado seria diferente caso ela não fosse pobre ou negra: “só porque é filho de pobre não vai ser punido? Se fosse filho de rico já teria tido um resultado bom? Então, quem está sendo indiciada sou eu porque eu estou condenada a não ver meu filho nunca mais. Então, sou eu que tenho que ficar na prisão? Eu não sou assassina, quem tem que ir para a prisão são eles que mataram o meu filho”.
Terezinha contestou a declaração de que os policiais agiram em legítima defesa em função de uma troca de tiros com bandidos do Complexo do Alemão. “O doutor Rivaldo Barbosa [delegado titular da Divisão de Homicídios da Polícia Civil] tinha me garantido que iria punir os policiais e agora vem dizer que foi legítima defesa? Meu filho estava sentado de costas para o policial. Meu filho não tinha nem visto os policiais e eles atiraram. Não teve troca de tiros, como foi alegado. É totalmente mentira dizer que houve troca de tiros com bandidos. Não é verdade porque o único tiro que teve foi o que matou meu filho e tirou ele dos meus braços.”
Procurada, a Polícia Civil não comentou as declarações da mãe e informou que “o inquérito foi relatado e encaminhado ao Ministério Público”. O Ministério Público disse, em nota, que o promotor Homero das Neves Freitas, da 23ª Promotoria de Investigação Penal, ainda não recebeu o inquérito da Polícia Civil e que, por este motivo, não pode se pronunciar sobre o caso.
O que a Justiça determinar
O governador do estado do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), disse que o governo do estado tomou todas as providências que estão ao alcance sobre o caso do menino Eduardo. Ele disse que vai seguir o que a Justiça determinar.
“Nós fizemos um processo de indenização à família do Eduardo, que foi o caso de indenização mais rápido do estado. Eu sei que isso não conforta a mãe do Eduardo. Mas, eu tenho que seguir os ritos do que manda a legislação. A perícia foi feita e agora vai para o Ministério Público. O que a Justiça determinar nós vamos cumprir.”