OEA espera que resultados das eleições no Brasil sejam respeitados

Grupo está no Brasil para acompanhar processo eleitoral

Publicado em 02/10/2018 - 19:07 Por Agência EFE - São Paulo

A ex-presidente da Costa Rica e chefe da primeira missão de observação eleitoral da OEA no Brasil, Laura Chinchilla, afirmou em entrevista à Agência EFE que espera que os resultados das eleições deste domingo sejam respeitados, para que o país possa assim "retomar sua vida institucional".

"O que sempre nos preocupa é que o processo eleitoral transcorra da melhor maneira possível e se transforme nesse instrumento que permite que o país resolva as diferenças, que são mais que evidentes", afirmou Chinchilla em São Paulo.

A ex-governante também disse desejar que o processo eleitoral mais incerto do país em décadas seja "um ponto de encontro no qual a população vote no primeiro turno e, em segundo lugar, que esses resultados sejam respeitados, e a partir daí o Brasil possa retomar sua vida institucional".

Líder das pesquisas de intenção de voto, Jair Bolsonaro (PSL) chegou a afirmar que o único resultado que aceitará será a própria vitória, mas posteriormente se retratou. O capitão da reserva do Exército também questionou o sistema de urnas eletrônicas, implementado há mais de 20 anos, e que será um "tema importante de análise e observação" para a missão da OEA, segundo Chinchilla.

Missão histórica

Entretanto, a comitiva parte da premissa de que "o voto eletrônico tem representado para o Brasil não uma ameaça à integridade eleitoral, mas um fator que gerou segurança na população". "É um sistema aceito e legitimado para a população, e até agora não houve nenhuma denúncia ligada à manipulação que possater gerado uma alteração dos resultados eleitorais", acrescentou a ex-presidente costa-riquenha (2010-2014).

A missão da OEA observará as eleições em 13 dos 27 estados em sua primeira visita ao Brasil com o objetivo de "fortalecer, melhorar, aperfeiçoar o sistema eleitoral". "É uma missão de especial transcendência para a OEA, é uma missão que consideramos histórica", frisou.

Polarização

Em meio a um ambiente polarizado entre Bolsonaro e Fernando Haddad (PT), que aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, Chinchilla enfatizou "a importância do fortalecimento das instituições". 

"Nenhum país está isento deste nível de polarização. Nenhum país está isento de candidatos de certa condição", afirmou.

"O importante é que as pessoas tentem aproveitar estas conjunturas para onde flui a informação, possam raciocinar como votar da melhor maneira, possam comparar informações de fontes confiáveis e, insisto, (que) o processo eleitoral represente um fechamento de ciclo e permita ao país avançar da melhor maneira possível", asseverou.

Mulheres e fake news

A costa-riquenha alertou sobre a proliferação de "fake news" e recomendou que os brasileiros utilizem "fontes que já são verificáveis e "confiáveis". "O Brasil não está isento do fenômeno das 'fake news'. Nossa própria missão foi vítima. Alteraram algumas das declarações que demos", disse Chinchilla, ressaltando o papel da imprensa, das instituições e das autoridades para resistir "à influência negativa" das notícias falsas.

Também chamou a atenção da ex-presidente da Costa Rica "de maneira negativa" o fato de o Brasil estar "muito atrasado" entre os países da América Latina "na representação da mulher na política ". "Está, talvez, entre os três países com menor representação. As mulheres brasileiras tiveram um crescimento muito grande nesta área, mas sua participação não se vê refletida em cargos eletivos", destacou.

Perguntada sobre os protestos de mulheres contra Bolsonaro no último sábado, Chinchilla disse que deseja que o ativismo "que está caracterizado nas mulheres na campanha possa se expressar em um aumento nos postos de eleição".

Comitiva 

A comitiva da OEA é formada por 41 observadores, além de outros seis que acompanharão a disputa em Buenos Aires, Montreal, Washington, Paris, Santiago e Cidade do México.

Chinchilla reuniu-se ontem com a candidata a vice de Haddad, Manuela D'Ávila, e com Álvaro Dias, do Podemos, e ressaltou que a missão da OEA está fazendo "o maior esforço possível para se reunir com todos os candidatos".

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