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Economia

Indústrias têxtil e de vestuário protestam contra concorrência desleal

Flávia Albuquerque - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 27/10/2014 - 16:42
São Paulo

Representantes da indústria têxtil e de confecção de todo o país colocaram 150 cruzes no canteiro central da Avenida Otto Baumgaurten (em frente ao Pavilhão Amarelo do Expo Center Norte), em São Paulo, para representar 14 mil postos de trabalho fechados nos últimos 12 meses.

O local foi escolhido porque ali ocorre uma feira de produtos chineses e o objetivo é chamar a atenção do governo e da sociedade para o que os empresários classificam como competição injusta entre a indústria brasileira e a chinesa.

De acordo com o diretor da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Valente Pimentel, o Brasil tem a quarta maior indústria em fabricação de vestuário e a quinta maior têxtil, mas, pelo quarto ano consecutivo, perde em produção para países que concorrem de forma desigual.

Ele explica que há injustiça porque, nos países concorrentes, as regras trabalhistas, tributárias, previdenciárias e ambientais são distintas das que estão em vigor no país. “Então esse é um protesto contra as causas externas”, disse.

Sobre as demandas que o setor apresentou ao governo, Pimentel ressaltou que algumas foram atendidas, outras não e outras medidas eliminaram os efeitos positivos daquelas que foram colocadas em prática.

“Neste momento, nós temos uma proposta que é o Regime Tributário Competitivo para a Confecção, apresentada a há cerca de um ano. A medida simplifica e reduz a carga tributária para qualquer tamanho de empresa que produza vestuário no país”. Com implantação do programa, o setor criaria mais de 597 mil vagas e a produção cresceria 117%.

O presidente da Abit diz que o volume de vestuário importado cresceu 25 vezes na última década. De janeiro a setembro deste ano, as importações de têxteis e confeccionados cresceram 5,7%, em valor, e as exportações caíram 6,1%.

Com isso, o aumento do deficit na balança comercial foi 8,4%, em relação ao mesmo período de 2013, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior. As importações de vestuário aumentaram 10,3%, em valor, comparativamente com o mesmo período em 2013. Em toneladas, a variação foi 7%.

“Eu conclamo o consumidor brasileiro que, ao comprar uma roupa, olhe onde é feita para dizer sim ou não no investimento de seu dinheiro. Na medida em que ele compra algo que é fabricado em países onde a produção é totalmente distinta da nossa, está ajudando o país em detrimento do Brasil. Se nós estivermos disputando mercado igualmente não tem problema, porque somos capazes de competir e enfrentar pelo nosso tamanho e tecnologia”, disse. 

Os organizadores do protesto são a Abit, o Sindicato das Indústrias de Tecelagem de Americana, Nova Odessa, Santa Bárbara d'Oeste e Sumaré; o Sindicato de Fiação e Tecelagem de São Paulo, Sindicato das Indústrias do Vestuário de São Paulo; a Confederação Nacional dos Trabalhadores das Indústrias do Setor Têxtil, Vestuário, Couro e Calçados, a Federação dos Trabalhadores Têxteis e o Sindicato dos Mestres e Contramestres de São Paulo.