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Economia

Emprego na indústria deve continuar a cair, avalia economista do IBGE

Nielmar de Oliveira - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 17/07/2015 - 15:49
Rio de Janeiro

A situação macroeconômica do país, com um quadro de taxas de juros e inflação em alta, restrição ao crédito, desemprego e redução da renda, indicam que o emprego industrial deverá continuar em queda pelos próximos meses. A avaliação é do economista Rodrigo Lobo, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ao comentar os números da Pesquisa Industrial Mensal – Emprego e Salário na Indústria, divulgados hoje (17).

Os dados do emprego na indústria, referentes a maio, foram predominantemente negativos, com queda em todas as suas vertentes e bases de comparação, com a taxa de ocupação fechando em queda de 1% em relação a abril e de 5% no acumulado dos primeiros cinco meses do ano.

Embora o IBGE não faça projeções, Lobo disse que, tomando por base a evolução da média móvel trimestral – predominantemente negativa desde o final do primeiro semestre de 2013 – o quadro não deverá mudar para os próximos meses.

“Esse cenário é reflexo do menor dinamismo que a produção industrial vem mostrando deste o último trimestre de 2013. Os estoques da indústria permanecem em patamares elevados fazendo com que haja, por parte dos empresários, menores incentivos à produção, uma vez que não há demanda para os seus produtos”, disse.

E o final dessa cadeia, acrescentou, é justamente a queda no emprego industrial, que está em declínio há 44 meses, com o número de horas pagas recuando há 24 meses e a folha de pagamento também em queda há 12 meses.

O economista do IBGE disse que o principal impacto negativo vem do setor de meios de transporte (veículos automotores e outros equipamentos de transportes, como aviões e motocicletas), desde o final de 2013. O setor perdeu 11% dos empregados, em relação a maio do ano passado – maior retração desde maio de 2002, quando o recuo na base anual chegou a 12,9%.

Os números indicam ainda que a mesma leitura pode ser feita na comparação anual sobre horas pagas e folha de pagamento real. O número de horas pagas recuou 12,5% – taxa mais alta desde setembro de 2009, que foi 13,7% – e o recuo na folha de pagamento atingiu 15,1% – maior queda da série histórica iniciada em março de 2002, ressaltou Lobo.

Em maio, o contingente de trabalhadores diminuiu em 17 dos 18 ramos pesquisados, com destaque para meios de transporte (-11 %), alimentos e bebidas (-3,2%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-12,9%), produtos de metal (-10,6%), máquinas e equipamentos (-7,2%), vestuário (-7,5%), outros produtos da indústria de transformação (-9,6%), calçados e couro (-7,6%) e metalurgia básica (-6,6%).

A queda de 1% no número de pessoas ocupadas na indústria, em maio deste ano, na avaliação do economista do IBGE é, na verdade, o prolongamento de um processo de depreciação do setor, inciado em meados de 2008, por causa da crise financeira internacional.

Para o economista, em meados de 2008, o emprego na indústria atingiu o pico da série histórica, o mesmo ocorreu com o número de horas pagas e a massa salarial do setor. Desde então, com alguns períodos pequenos de reversão, o quadro do setor vem se deteriorando, e do final de 2013 em diante o nível de emprego se consolidou em uma trajetória bastante clara de queda.

Lobo lembra que até o surgimento da crise internacional, o país tinha uma indústria com produção interna em crescimento, de forma sequencial e bastante forte, até que foi impactado pela crise, e a consequência foi a queda rápida da produção. “Houve ligeira recuperação ao longo de 2009, atingindo níveis altos também em 2010, embora em bases inferiores às de 2008, mas depois disso entrou em declínio constante”, disse.