Liquidação do BRJ deveria ter ocorrido há mais tempo, diz economista
A liquidação extrajudicial do Banco BRJ, com sede no Rio de Janeiro, decretada hoje (13) pelo Banco Central, ocorre com atraso mínimo de 15 anos, afirmou o economista Istvan Kasznar, professor da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas.
Segundo ele, o BRJ foi importante no passado, em especial no campo do crédito para financiamento de imóveis voltados para a classe média. “Mas já estava desativado há cerca de 15 anos. Era um banco muito pequeno, que mal tinha ativos equivalentes a 0,003% do total do sistema financeiro do Brasil. Como era muito pequeno, ele não funcionava. Era um banco que vivia de alguns poucos depósitos."
Para Kasznar, é um banco que não é representativo. "Não mexerá praticamente com ninguém”. O economista lembrou que, com o Fundo Garantidor de Crédito (FGC), entidade privada que administra o mecanismo de proteção aos depositantes e investidores em caso de intervenção e liquidação extrajudicial, todo o sistema está protegido.
De acordo com Kasznar, a liquidação do BRJ foi uma saída “livre, leve” e sem qualquer problema. O processo deve terminar com a decretação de falência da instituição que, segundo ele, tinha um posicionamento passivo, sem intenção de operar na praça. Na consulta que fez, a pedido do próprio BRJ, em anos passados, Kasznar percebeu que o banco não queria montar uma carteira de clientes robusta. “Desse ponto de vista, ele morreu por inanição.”
Como a carteira era pequena e os custos eram cobertos pelos juros que o BRJ recebia de certificados de depósitos bancários (CDBs), ele acredita que a liquidação não levará a uma situação de falência dolorosa. “É uma situação de fechamento, porque não faz sentido deixar na praça alguém que não opera.”
O BRJ estava com dívidas em torno de R$ 214 milhões e tinha um passivo a descoberto na faixa de R$ 170 milhões a R$ 178 milhões, informou Kasznar.
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