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Economia

Economia brasileira tem retração de 0,3% no primeiro trimestre de 2016

Nielmar de Oliveira – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 01/06/2016 - 09:17
 - Atualizado em 01/06/2016 - 10:38
Rio de Janeiro
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Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil/Arquivo
© Marcello Casal Jr/Agência Brasil/Arquivo

O Produto Interno Bruto (PIB) – soma de todos os bens e serviços produzidos no país – fechou o primeiro trimestre do ano em queda de 0,3% na série sem ajuste sazonal, somando R$ 1,47 trilhão em valores correntes. O resultado é a quinta queda consecutiva nesta base de comparação.

Em relação aos quatro últimos trimestres, encerrados em março, a queda acumulada foi de 4,7%, a maior retração para o acumulado em 12 meses desde 1996.

No ano passado, o PIB havia fechado em queda de 3,8%, a maior desde o início da série histórica. Os dados relativos aos três primeiros meses da economia brasileira foram divulgados hoje (1º) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e indicam que, na comparação com o mesmo período do ano passado, acumulou queda de 5,4%, a oitava queda consecutiva nesse tipo de comparação.

A queda do PIB no primeiro trimestre reflete retrações em praticamente todos os setores da economia, com destaque para Formação Bruta de Capital Fixo (investimento em bens de capital), com queda de 2,7%, na comparação com o trimestre anterior. Em seguida vem a indústra com -1,2%, a agropecuária com -0,3 e serviços com queda de 0,2%. Por sua vez, o consumo das famílias fechou com retração de 1,7%. A exceção foi o consumo do governo que fechou positivo em 1,1%.

“A conjuntura atual retrata a redução do consumo das famílias, a piora nos indicadores de renda e emprego, a Selic [taxa básica de juros] e a inflação variando na casa dos 3%. Já pelo lado dos investimentos, está havendo queda nas importações de máquinas e equipamentos, o que contribui para a retração dos investimentos: porque se está produzindo menos, e também o desempenho negativo da construção civil. É uma conjuntura que contribui para este desempenho negativo da economia no longo prazo”, disse a técnica do IBGE, Amanda Tavares.

Setores

A maior contribuição para a queda de 1,2% no setor industrial veio da indústria extrativa mineral, com retração de 1,1%, enquanto a indústria de transformação recuou 0,3% e fechou o período com o sexto resultado trimestral negativo consecutivo. Na construção, houve queda de 1%. Já nas atividades de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana houve crescimento de 1,9%.

Em relação às despesas, o recuo de 2,7% na formação bruta de capital fixo é o décimo consecutivo nesta base de comparação. Já a despesa de consumo das famílias (-1,7%) caiu pelo quinto trimestre seguido.

No setor de serviços, a retração de 0,2% reflete o comportamento negativo do comércio (-1%), de intermediação financeira e seguros (-0,8%) e dos serviços de informação (-0,7%), justamente os que apresentaram as maiores quedas em relação ao trimestre imediatamente anterior.

No que se refere ao setor externo, as exportações de bens e serviços tiveram expansão de 6,5%, enquanto que as importações de bens e serviços recuaram 5,6%.

1º trimestre de 2015

O PIB do 1º trimestre deste ano fechou com queda de 5,4%, quando comparado a igual período do ano anterior. É o oitavo resultado negativo consecutivo nesta base de comparação. Os setores determinantes para a queda foram indústria e serviços.

Nesse período, o recuo na indústria foi de 7,3%, puxada pela indústria de transformação (queda de 10,5%). Houve queda também no desempenho da indústria automotiva e outros equipamentos de transporte, produtos metalúrgicos, produtos de metal, produtos de borracha e material plástico, eletroeletrônicos e equipamentos de informática e móveis.

“A deterioração dos indicadores de inflação, juros, crédito, emprego e renda levou a que no 1º trimestre deste ano as despesas de consumo das famílias fechasse em queda de 6,3%, enquanto a formação bruta de capital fixo caiu 17,5%, a oitava queda consecutiva. Este recuo é justificado, principalmente, pela queda das importações e da produção interna de bens de capital”, disse Amanda Tavares.

Agropecuária

Nos primeiros três meses do ano, o setor agropecuário caiu 0,3%. O setor é considerado um dos mais importantes para recuperação do PIB. Na comparação com o 1º trimestre do ano passado, a queda foi de 5,4% e no acumulado dos últimos quatro trimestres, 4,7%.

Na avaliação da gerente das Contas Nacionais Trimestrais do IBGE, Claudia Dionísio, o resultado negativo no início deste ano decorre das previsões de uma safra menor para 2016, conforme vem sendo apontado pelo último Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSDA) divulgado pelo instituto.

“A agropecuária não teve um desempenho tão bom [nestas últimas projeções], porque uma cultura como a soja, que tem peso importante para o setor, vem indicando perda de produtividade, apesar da expectativa de crescimento de 1,3% para 2016. Além do mais o crescimento é bem menor do que em anos anteriores”, disse Claudia Dionísio.

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*Matéria ampliada às 10h38