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Economia

Racionamento de água em Brasília afeta indicadores

Nielmar de Oliveira - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 26/04/2018 - 09:53
Rio de Janeiro

A seca que atingiu o Distrito Federal no ano passado reduziu a mais da metade a disponibilidade de água em Brasília entre 2016 e 2017. Os dados constam da pesquisa Caraterísticas Gerais dos Domicílios e dos Moradores 2017, divulgada hoje (26), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Elaborado a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), o estudo indica que, de uma maneira geral, não ocorreu grandes mudanças do ponto de vista estrutural entre 2016 e 2017, persistindo as desigualdades regionais e com avanços lentos dos serviços gerais de saneamento básico, energia elétrica e de bens e serviços no domicílios.

Racionamento
Racionamento de água afetou a qualidade de vida dos moradores do Distrito Federal (Arquivo/Marcelo Camargo/Agência Brasil)

“A gente observou que não houve grandes mudanças. Houve uma redução grande no abastecimento de água no Centro-Oeste, uma vez que, com o racionamento, a disponibilidade de água caiu bastante em Brasília, o que fez com que o indicador da região reduzisse bastante. Mas isso não impactou os estados, ficando restrito ao Centro-Oeste”, disse em entrevista à Agência Brasil a gerente da pesquisa, Maria Lúcia Vieira.

Abastecimento

Dos 69,8 milhões de domicílios no Brasil estimados em 2017, 97,2% (67,8 milhões) tinham água canalizada. Em 85,7% deles, a principal fonte de abastecimento era a rede geral de distribuição, e 86,7% dispunham da rede geral diariamente; 6% com frequência de 4 a 6 vezes na semana; e 5,4%, de uma a três vezes na semana.

O aumento de lares com distribuição de água da rede geral de quatro a seis vezes na semana chegou a 607 mil domicílios, uma alta de 20,4% de 2016 para 2017; enquanto nos domicílios com distribuição de água da rede geral de 1 a 3 vezes na semana caiu 6,2%, o equivalente a 217 mil endereços.

Em 6,6% dos domicílios, a principal fonte de abastecimento era poço profundo ou artesiano; em 3,3%, poço raso, freático ou cacimba; e fonte ou nascente era a principal procedência em 2,1% dos casos.

Entre as grandes regiões, o percentual de domicílios com água canalizada variou de 92,2% no Nordeste a 99,8%, no Sul.

Energia elétrica

A pesquisa constatou também que, dos 69,8 milhões de domicílios existentes no país em 2017, 99,8% tinham energia elétrica fornecida pela rede geral ou por fonte alternativa. Em 99,5%, o equivalente a 69,4 milhões de endereços, havia energia elétrica proveniente da rede geral e a disponibilidade era em tempo integral em 99,2% dos casos (68,8 milhões de domicílios).

Na Região Norte, 98,9% dos domicílios dispunham de energia elétrica vinda da rede geral ou de fonte alternativa, enquanto nas outras grandes regiões, essa proporção variava de 99,5% a 100%.

“De um modo geral, as grandes regiões registraram percentuais de domicílios atendidos pela rede geral de energia elétrica similares aos percentuais de endereços que possuíam energia elétrica, incluindo a originada de fonte alternativa, com exceção da Região Norte, onde 96,4% dos domicílios utilizavam energia proveniente da rede geral”, detalha a pesquisa.

“Nesta questão da energia elétrica não há muita alteração [em relação a 2016] com a quase totalidade das residências já tendo energia proveniente da rede geral”, ressaltou a técnica do IBGE.

Rede de esgoto e coleta de lixo

Mostrando as contradições e as desigualdades que  coexistem no país, os dados da Pnad Contínua evidenciam que a proporção de domicílios em que o escoamento do esgoto era feito pela rede geral ou fossa ligada à rede, em 2017, foi bem diferente entre as grandes regiões do Brasil.

Segundo o levantamento, este percentual na Região Sudeste chegava a 88,9%; era de 65,9% no Sul; 52,8% no Centro-Oeste; e 45,1% no Nordeste. Na Região Norte, apenas 20,3% dos endereços tinham escoamento de esgoto pela rede geral ou fossa interligada à rede.

Para Maria Lúcia Vieira, o esgotamento sanitário “manteve-se praticamente estável, mas permanece a questão estrutural com diferenças expressivas entre as entre regiões e os estados”, disse.

Já a coleta direta do lixo pelos serviços de limpeza beneficiava no ano passado 82,9% dos domicílios brasileiros, o equivalente a 57,8 milhões de moradias. Em 7,9% dos casos (5,5 milhões de lares), o lixo era coletado em caçamba de serviço de limpeza e, em 7,9% (5,5 milhões de endereços), queimado na propriedade.

“Embora este comportamento também registre diferenças entre as regiões, no Norte e no Nordeste este percentual não chega a 70%, porque lá o percentual de queima de lixo na propriedade ainda é muito alto”, disse Maria Lúcia, lembrando que, no Norte, 18,2% do lixo e no Nordeste 16% “são queimados na própria residência.”

Mais de 70% tinham casa própria em 2017

Dos 69,8 milhões de lares existentes no Brasil em 2017, 550 mil a mais que em 2016, mais de 70% eram residências próprias. Os dados fazem parte da pesquisa divulgada hoje pelo IBGE.

Baseado em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), o estudo constatou que - do total de lares no país em 2017 - 67,9% eram próprios e quitados, o equivalente a 47,4 milhões de endereços; enquanto 5,6% ainda estavam sendo pagos (3,9 milhões de unidades).

O levantamento apurou, ainda, que 17,6% dos domicílios eram alugados (12,3 milhões de residências); os cedidos representavam 8,7% (6,1 milhões); e os outra condição, (por exemplo, invasão) somavam 0,2% (145 mil domicílios).

Das quase 70 milhões de moradias existentes no ano passado, 86,6% eram casas e 13,2%, apartamentos. Frente a 2016, houve redução de 3,1% no número de apartamentos, o equivalente a 299 mil unidades e um aumento de 1,5% no total de casas (869 mil unidades).

Centro-Oeste e Sudeste concentram mais lares alugados

A maior proporção de domicílios alugados no país foi encontrada nas Regiões Centro-Oeste (22,3%) e Sudeste (19,8%). Em ambos os casos, os percentuais superam a média nacional de 17,6%.

Já as Regiões Norte (13,6%), Nordeste (14,4%) e Sul (16,4%) tiveram percentuais inferiores à média nacional. Em comparação com 2016, somente a Região Sul apresentou queda de domicílios alugados (0,7%), enquanto no Norte e Centro-Oeste houve aumento (5,8% e 5,5%).

Regiões mais pobres do país, o Norte (74,5%) e o Nordeste (74,1%) concentram os maiores percentuais de lares próprios. O Sul apresentou o maior percentual de domicílios próprios que ainda estavam sendo pagos (8,2%), seguido pelo Centro-Oeste (7,3%) e Sudeste (6,3%).