Setor da moda deve crescer no Rio 5,6% até 2023, diz Sebrae
Cerca de 5 mil indústrias gerando 70 mil empregos. Esse é o tamanho do setor produtivo da moda no Rio de Janeiro, segundo a Federação da Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Considerando a cadeia como um todo, incluindo o comércio, são contabilizados quase 26 mil estabelecimentos. Segundo a entidade, trata-se de um setor que reagiu com rapidez à crise econômica que se instalou no estado em 2014 e vem se fixando como um importante indutor da retomada do crescimento.
Dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) corroboram o cenário positivo, com estimativa de crescimento de 5,6% na cadeia de valor e otimismo no setor. “Estamos percebendo que as empresas continuam progredindo, pelo menos os pequenos negócios continuam gerando empregos. Nós sabemos que existe um ressentimento no varejo. Muitas lojas fecham. Mas o pessoal que trabalha com moda é muito criativo e tem encontrado outros tipos de possibilidades como lojas colaborativas, eventos, venda online, alternativas que propiciam a sobrevivência das empresas mesmo com as dificuldades da economia”, diz Fabiana Pereira Leite, coordenadora de moda do Sebrae-RJ.
A Firjan e o Sebrae, junto com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), realizaram hoje (2) o 1º Encontro Estadual das Empresas de Moda do Rio de Janeiro, que recebeu o nome de Conecta Moda. O objetivo era oferecer uma sessão de negócios para gerar parcerias, fomentando assim a economia do estado.
“A força empreendedora da moda no Rio é muito forte. E 96% dos negócios do setor envolvem micro e pequenas empresas. Daí a importância deste tipo de iniciativa. Muitas vezes, o empresário está procurando um parceiro ou um fornecedor em um outro local, em outro estado, e pode ser que exista um ao seu lado sem que ele conheça”, diz Fabiana. Ela acredita que o encontra possa contribuir para o surgimento de novos produtos e processos produtivos.
Cerca de 130 empresas participaram do Conecta Moda, sendo 45% da região metropolitana, mas com representantes de todas as regiões do estado. Entre elas estão produtoras de vestuário, roupa íntima, moda de praia, chapéus, joias, calçados e bolsas, além de fornecedores de aviamentos, componentes, tecidos e manequins e lojas compradoras para venda no varejo. Segundo Fabiana, a participação superou as expectativas e, com o sucesso desta primeira edição, a ideia é de que o evento passe a ocorrer de forma mais regular.
A coordenadora de moda do Sebrae-RJ explica ainda que as parcerias são relevantes, sobretudo porque o setor vem abraçando a ideia de uma economia circular. “Há uma preocupação muito grande com o propósito da marca, e elas apostam na sustentabilidade, na cultura colaborativa. O empresário que cria uma marca de moda nova precisa ter algo a dizer, porque também o consumidor está interessado em saber a origem da matéria prima e detalhes de quem produz. E as empresas que não nasceram com este viés, estão correndo atrás do prejuízo”.
As oportunidades abertas pelo evento agradou Tairone Vieira, representante da HAK, empresa de Nova Friburgo que fornece aviamentos e soluções têxteis. “Já fechei 20 negócios tanto com clientes que já nos conheciam e também com outros que estão começando. Tem muita gente nova no setor”, disse. Segundo ele, o volume de negócios tem crescido e não há o que reclamar.
Recuperação
Os números da Firjan mostram ainda a força do setor na exportação no Rio de Janeiro. Em 2017, as vendas ao exterior totalizaram US$ 26,6 milhões, um avanço de 6% em relação ao ano de 2016. Somente no segmento de moda íntima, o estado registrou um crescimento de 114% das exportações. As empresas fluminenses também responderam por cerca de metade de tudo o que o Brasil exportou de moda de praia.
Segundo Ana Torres, coordenadora dos setores de Desenvolvimento das Indústrias de Bens de Consumo da Firjan, foi possível observar pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) que o setor teve uma rápida reação após a crise econômica. “Foi um dos primeiros setores em que as contratações voltaram a crescer, com um destaque para Nova Friburgo, onde temos o polo de moda íntima”.
A coordenadora destaca que a constante criação de novas empresas contribui para a estabilidade do setor. "É uma cadeia produtiva estável, sendo hoje a segunda maior geradora de empregos no estado. Então, tem uma importância social muito grande. Sempre tem muitas empresas novas entrando. É um setor que não tem muita barreira de entrada e é bastante movimentado, com produtos sendo lançados a cada semana", acrescentou Ana Torres.