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Educação

Estudantes da rede municipal do Rio receberão cadernos de reforço em matemática

Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 10/06/2015 - 20:20
Rio de Janeiro

Na volta às aulas, após o recesso de julho, todos os estudantes da rede municipal de ensino do Rio de Janeiro, do quinto e do nono anos do ensino fundamental, receberão um caderno especial de matemática. O material traz a análise e resolução das questões que mais tiveram respostas erradas na prova bimestral do ano passado.

O material foi lançado hoje (10) no evento Matemática em Foco, promovido pela Secretaria de Educação, que também apresentou experiências de boas práticas no ensino da disciplina. Os cadernos especiais foram criados com base em um estudo feito pela secretaria, que apontou as principais dificuldades dos alunos na disciplina.

A assessora da coordenadoria de educação da secretaria Fátima Cunha explicou que a rede municipal aplica, desde 2009, provas bimestrais unificadas na rede pública, e nelas foram detectados esses conteúdos. “Analisando os resultados, percebemos que, em algumas habilidades, nossos alunos permanecem com falhas, como por exemplo frações, conteúdo que começa no primeiro ano, e vai ficando mais complexo nos outros anos de escolaridade.”

A partir disso, os professores da rede fizeram a análise e elaboraram o material que será entregue aos alunos, com os comentários necessários.

Helena Bomeny, secretária municipal de Educação, destaca que o caderno de reforço é resultado das boas práticas implantadas na rede

Para a secretária Helena Bomeny, o caderno de reforço é resultado das boas práticas implantadas na redeTomaz Silva/Agência Brasil

A secretária municipal de Educação, Helena Bomeny, destaca que o caderno de reforço é resultado das boas práticas implantadas na rede. “Estamos sempre querendo dar o melhor para os alunos e mostrar que temos excelentes professores. São eles que fazem esse material e o referendam nas escolas, já que são professores regentes de turma. Então, eles trazem experiência para dentro de sala de aula, trazem dúvidas, questões dos alunos.”

O professor de matemática Clayton Botas participa da elaboração dos cadernos pedagógicos bimestrais e afirma que ainda existe preconceito com a matéria, que acabou entrando em um ciclo vicioso. “É difícil porque tem o preconceito ou tem o preconceito porque é difícil? Temos que quebrar isso, ir aos poucos acabando com esse ciclo.”

Para ele, o caderno especial preenche uma brecha que faltava para o ensino de matemática ser bem-sucedido. “É um problema que temos, não só na nossa rede, mas no nosso tempo-espaço brasileiro. O problema da matemática é muito grande. Trabalhamos sempre com a contextualização, tentando trazer para a prática, para o cotidiano do aluno. Isso é essencial para a aprendizagem.”

No encontro, Botas mostrou dois trabalhos que desenvolveu com os alunos de oitavo e nono anos da Escola Rivadávia Correa, no centro do Rio: a aproximação da terceira casa dos centavos – que aparece na bomba dos postos de combustível – e a integração das aulas de artes com a Espiral de Teodoro, feita com uma sequência de triângulos retângulos.

Ex-aluno de Botas, o estudante Mikhael Alex Rodrigues Agostinho, de 15 anos, que recebeu medalha da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep), diz que a matéria pode ser uma diversão. “Tem que mostrar para a pessoa que matemática não é aquele conceito de decorar e ter que saber, é um conceito bom para brincar. Eu gosto muito de código binário. Com ele, consegue-se ver um padrão certo para aquelas coisas. Eu gosto de ficar escrevendo e vendo o padrão. A mesma coisa na base hexadecimal, em que também se consegue encontrar o padrão.”

Sobre a manifestação que professores fizeram hoje na frente da prefeitura contra o corte de ponto que vêm sofrendo desde a greve do ano passado, a secretária Helena Bomeny disse que os descontos se referem a outras faltas que os professores tiveram.  “Os dias não trabalhados não foram pagos. Ponto. Quem faz a verificação de falta é a Secretaria de Administração. Por exemplo, hoje um grupo parou. Para nós, é um dia não trabalhado, e ele não vai receber esse dia. Daqui a dois meses, quando for computada a verificação da presença, quem não foi hoje é dia não trabalhado, então vai ser descontado."

Para a secretária, o problema da greve já foi resolvido lá em 2014, mas, se as pessoas continuarem faltando vão ser descontadas. “Se é falta abonada, uma licença médica, se você passou mal, uma coisa assim, você tem justificativa, mas se você fez paralisação, ou resolveu não ir trabalhar, vai ter desconto. Em qualquer lugar do mundo, se você não vai ao trabalho, você não ganha”, afirmou.