Ocupação de escolas tira direito da maioria de estudar, diz governo do Rio

Publicado em 12/04/2016 - 13:40 Por Da Agência Brasil - Brasília

Rio de Janeiro - Alunos do Colégio Estadual Prefeito Mendes de Moraes, na Ilha do Governador, se reúnem com o chefe de gabinete da secretaria estadual de Educação, Caio Castro (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Alunos do Colégio Estadual Prefeito Mendes de Moraes se reúnem com o chefe de gabinete da Secretaria Estadual de Educação, Caio CastroTânia Rêgo/Agência Brasil

O chefe de gabinete da Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro, Caio Lima, reuniu-se na manhã de hoje (12) com estudantes no Colégio Estadual Prefeito Mendes de Moraes, na Ilha do Governador, zona norte da capital fluminense. Lima disse que os participantes do movimento de ocupação de escolas estão tirando o direito dos outros alunos de estudar e “matando o futuro” desses estudantes.

O colégio foi o primeiro a ser ocupado na mobilização de alunos em apoio à greve dos professores da rede estadual. “Um colégio com, aproximadamente, 2,3 mil alunos não pode ficar refém de um grupo de 100 estudantes. São muitos jovens que estão perdendo seu ano letivo, perdendo oportunidades, etc., alunos que estão sendo mortos a longo prazo, no que se refere ao aspecto educacional. Gerações que são perdidas por conta de uma postura intransigente da parte deles”, disse Lima.

A reunião, segundo o chefe de gabinete, visava à resolução imediata do assunto para a retomada das aulas. Segundo Caio Lima, a secretaria está interessada no atendimento de boa parte das pautas dos estudantes. Porém, de acordo com ele, o movimento estudantil não está totalmente integrado.

“É totalmente possível atender às reivindicações dos alunos, mas somente após a desocupação. Acredito que a democracia é a defesa da vontade da maioria, e não de uma minoria como é aqui. Eles me disseram que não podem se posicionar agora, pois ainda precisam de uma reunião para discutir que rumos tomarão. Isso mostra que não é um movimento integrado, e que provavelmente tem algo por trás que eles estão tentando esconder”, afirmou Lima.

Aluno do 3° ano do ensino médio do colégio, Alessandro Ribeiro rebateu as declarações do representante da secretaria de que há abertura de diálogo no órgão. O estudante ressaltou que os alunos estão sendo prejudicados não pela ocupação, mas sim pela qualidade do ensino estadual.

“Chega a ser engraçado ele dizer que a secretaria está amplamente acessível ao diálogo. Quando nos reunimos na sede da secretaria, eles aceitaram somente as pautas referentes a questões de infraestrutura do colégio e questões pontuais da nossa unidade, mas negaram as mais importantes, que abrangem todo o sistema educacional. Foi quase uma conversa de boteco. Ele dizer que estamos prejudicando alunos é curioso, pois quem está sendo prejudicado somos nós, que estamos sofrendo com esse péssimo sistema de ensino que o governo nos oferece desde cedo.”

Rio de Janeiro - Alunos do Colégio Estadual Prefeito Mendes de Moraes, na Ilha do Governador, permanecem na escola após Justiça suspender laudo de reintegração de posse (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Alunos permanecem no Colégio Estadual Prefeito Mendes de Moraes após a Justiça suspender reintegração de posseTânia Rêgo/Agência Brasil

A Justiça do Rio de Janeiro concedeu na noite de ontem (11) uma liminar para suspender a reintegração de posse do Colégio Estadual Prefeito Mendes de Moraes. A unidade está ocupada por estudantes desde 23 de março, em apoio à greve dos professores da rede estadual. De acordo com Alessandro Ribeiro, o clima entre os estudantes é de tensão, mas eles têm a consciência tranquila devido à legitimidade dos atos.

Uma reunião que será realizada na tarde de hoje na sede da Secretaria de Educação decidirá quais serão os próximos passos a serem dados pelo governo estadual. Também participam representantes das secretarias de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, de Segurança, além do Ministério Público, da Defensoria Pública e do Conselho Tutelar. Do lado dos estudantes, o comando de ocupações, instaurado ontem, terá uma reunião na próxima sexta (15) para discutir sobre a conversa de hoje com o representante da Secretaria de Educação e sobre possíveis acordos entre ambas as partes.

Edição: Juliana Andrade

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