Após crimes na UFRJ, professores protestam e reitoria anuncia medidas
Diante da ocorrência de crimes nos últimos dias na Cidade Universitária da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a comunidade acadêmica se mobilizou no início da tarde de hoje (23) para protestar contra a insegurança. Ao mesmo tempo, a reitoria anunciou algumas medidas, que vão desde o fechamento de vias, para restringir o acesso e circulação de veículos no campus, até entendimentos com a Secretaria de Segurança do Estado do Rio de Janeiro (Seseg) para reforço na segurança.
A Cidade Universitária fica na Ilha do Fundão, zona norte do Rio de Janeiro. Somente neste ano, já ocorrerão sete sequestros relâmpagos, crime que mais vem assustando a comunidade acadêmica. Na última sexta-feira (18), dois professores foram vítimas de uma ocorrência desse tipo. Eles ficaram em poder dos criminosos por várias horas, período em que os cartões das vítimas foram usados para fazer compras.
Outro caso de sequestro relâmpago foi registrado na tarde de segunda-feira (21), dessa vez envolvendo uma estudante que foi abordada, obrigada a entrar em um carro, roubada e liberada na sequência. Ontem, em novo episódio de violência, criminosos renderam carros que transitavam entre o Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes) e a Prefeitura da UFRJ. Eles roubaram um veículo e levaram pertences de outros motoristas.
A situação levou a Associação dos Docentes da Universidade Federal do Rio de janeiro (Adufrj) a convocar a comunidade acadêmica para um ato às 12h de hoje no Centro de Ciências da Saúde, onde ocorreram os casos mais recentes sequestros relâmpagos. A entidade também programa para amanhã (24), às 8h30 uma caminhada até o local onde estará reunido o Conselho Universitário, órgão de deliberação superior da instituição que reúne representação dos três segmentos: professores, estudantes e servidores.
Medidas
Em coletiva também realizada hoje, o prefeito da Cidade Universitária, Paulo Mario Ripper, e o reitor da UFRJ, Roberto Leher, anunciaram um conjunto de medidas. "Vamos fazer algumas mudanças no trânsito do fundão, com o possível fechamento de entradas e algumas saídas. Uma reunião está marcada para amanhã com a CET-Rio [Companhia de Engenharia de Tráfego do Rio de Janeiro]", disse Ripper.
Também será feito um convênio entre a UFRJ e a Polícia Militar, dentro do Programa Estadual de Integração na Segurança (Proeis). Trata-se de uma medida em que os policiais militares podem trabalhar voluntariamente em seu horário de folga mediante pagamento adicional. De acordo com a UFRJ, o contrato será pago pela Petrobras. A estatal possui instalações no centro universitário. Há conversas em curso para que as demais empresas que atuam na universidade também colaborem com a segurança.
Outra ação prevista é a instalação de câmeras de maior definição que sejam capazes de capturar traços faciais nos acessos à UFRJ. Um planejamento está sendo elaborado a partir da divisão do campus em quatro quadrantes, onde o patrulhamento se dará 24 horas por dia. A Divisão de Segurança da UFRJ (Diseg) também deve ser reforçada. Foram solicitados ao Ministério da Educação (MEC) recursos para a compra de quatro novas viaturas. "A iluminação é outra questão que está no nosso radar. Estamos preparando um pacote de solicitações para encaminhar ao MEC, de iluminação e de câmera para os estacionamentos", acrescentou Ripper.
No domingo (20), a reitoria da UFRJ divulgou nota na qual lamentou o caso envolvendo os dois professores. "O crime, brutal, é inadmissível em um centro universitário e causa indignação a toda a comunidade, em virtude da gravidade e da violência às quais os docentes foram expostos. Cada acontecimento dessa natureza atinge em profundidade todas e todos que fazem da UFRJ uma instituição respeitada mundialmente por sua relevância social".
A preocupação com a situação também levou o reitor Roberto Leher a telefonar na segunda-feira (21) para Robeto Alzir, subsecretário de assuntos estratégicos da Secretaria de Segurança do Estado do Rio de Janeiro (Seseg), com o objetivo de solicitar apoio à segurança no campus. Segundo a reitoria, ficou acertado um reforço na presença de viaturas policiais do 17º Batalhão da Polícia Militar até o início de junho, quando a UFRJ já poderá contar com policiamento do Proeis.
Em nota, a Seseg informou que coordena, com as polícias Civil e Militar, as providências para a melhoria da segurança no centro universitário. De acordo com a pasta, além de reforçar o 17º Batalhão de Polícia Militar, haverá engajamento da Divisão Anti-Sequestro da Polícia Civil. Na nota, o acerto em torno do Proeis foi confirmado. "A Seseg também firmou convênio com a Petrobrás para contratação de policiais militares".
* Colaborou Tatiana Alves - Repórter da Rádio Nacional do Rio de Janeiro