Coluna - Copa do Mundo de Vôlei serve como laboratório para o Brasil
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A Copa do Mundo de Vôlei Feminino começou neste sábado e até o dia 29 de setembro os amantes do esporte terão a oportunidade de acompanhar grandes duelos entre algumas das melhores seleções do mundo. Pelas regras de classificação, a Copa do Mundo não terá a participação de equipes importantes no cenário feminino, como a vice-campeã mundial Itália e a Turquia, vice-campeã europeia. Além do Brasil, participam da edição deste ano Sérvia, Rússia, Holanda, Estados Unidos, República Dominicana, Argentina, China, Coreia do Sul, Camarões, Quênia e Japão, o país-sede.
O sistema de competição é simples: as doze equipes jogam entre si e quem somar mais pontos será a campeã. Até a última edição, em 2015, a Copa do Mundo tinha uma função essencial: era a primeira oportunidade para a classificação olímpica. As três seleções mais bem colocadas ganhavam a vaga na Olimpíada seguinte. Mas para Tóquio a Federação Internacional de Vôlei (FIVB) criou os torneios pré-olímpicos a partir do ranking mundial, e, na prática, esvaziou a Copa do Mundo.
Por exemplo, atual campeã mundial, europeia e prata nos Jogos do Rio em 2016, a Sérvia não vai usar força máxima na competição. Mas isso quer dizer que a Copa do Mundo não vale nada? Não é bem assim. A competição soma pontos valiosos para o ranking mundial. E é a partir desse ranking que serão definidos os grupos nos Jogos Olímpicos. Além disso, a seleção vencedora leva um prêmio de cerca de R$2,45 milhões de reais. Nada mal. A Copa também é oportunidade para os técnicos fazerem testes, e este é o ponto que mais interessa ao Brasil.
OPORTUNIDADE PARA A SELEÇÃO BRASILEIRA
O técnico José Roberto Guimarães tem pouco menos de um ano para montar o time que vai tentar o tricampeonato olímpico. Parece muito tempo, mas não é. A seleção feminina vem sofrendo nos últimos anos com problemas físicos de jogadoras e com pedidos de dispensa. E o pior: desde 2017 o time pena com altos e baixos e parece não ter encontrado um padrão de jogo. Foi campeão do antigo Grand Prix em 2017 e vice na Liga das Nações em 2019, mas amargou o 7º lugar no Mundial de 2018. O retorno de veteranas traz esperança ao torcedor brasileiro e pode dar a estabilidade que o time precisa.
Mesmo sem a presença da oposta Tandara e da ponteira Natália, o que na teoria reduz o poder de fogo dos ataques, a seleção ganha em qualidade e técnica com a volta de Sheilla, Fabiana e Camila Brait. A formação “dos sonhos” com as convocadas para a Copa do Mundo seria com Drussyla e Gabi nas pontas; Bia e Fabiana como centrais, Sheilla de oposta, Macris na armação e Camila Brait como líbero. Um time que teria um bloqueio alto, com ponteiras e oposta habilidosas e uma das melhores líberos do mundo. Com um perfil mais conservador, é improvável que o técnico José Roberto Guimarães escale essa formação logo de cara. A jovem Lorenne deve ser a oposta titular, enquanto Mara provavelmente fará a dupla de centrais junto com Bia.
Serão 11 partidas contra diferentes escolas do vôlei mundial. Uma oportunidade única para testar as jogadoras em quadra. Pensar em título é importante – afinal, junto com o Campeonato Mundial, a Copa do Mundo é a taça que falta na coleção da equipe feminina. Mas experimentar diferentes formações e lapidar as atletas deve ser a prioridade.
A observar principalmente como se dará o retorno da oposta bicampeã olímpica. A real situação de Sheilla ainda é uma incógnita. A oposta não atuava em uma partida oficial, seja em clube ou pela Seleção, desde a dolorosa derrota para China nas quartas de final da Olimpíada do Rio. Voltou no mês passado, participou dos amistosos contra a seleção B da Argentina e das partidas do Sul-Americano do Peru, vencido com facilidade pelo Brasil. Sheilla não precisa provar o seu valor. Certamente não desaprendeu a jogar, mas ainda busca as formas física e técnica ideais. Resta acompanhar como será sua evolução em partidas contra adversários mais difíceis, como deve acontecer nesta Copa do Mundo. Interessante também será ver o duelo de estilos de opostas. Sheilla é conhecida pela técnica refinada e nos últimos tempos o vôlei feminino tem priorizado a força e a altura, simbolizada nas figuras das opostas Paola Egonu, da Itália, e Tijana Boskovic, da Sérvia. Mas isso é assunto para outra coluna.