|Coluna| Auto Chess: o novo gênero de game que se destaca no e-sports

Modo criado por fã de DOTA 2 se consolida como gênero independente

Publicado em 03/10/2019 - 12:46 Por Guilherme Neto - Apresentador do quadro Fliperama no programa Stadium. A coluna do jornalista será publicada pela Agência Brasil semanalmente às quintas-feiras. - Rio de Janeiro

Um novo gênero de videogame começou a chamar a atenção no cenário de esporte eletrônico em 2019. É o auto chess, ou xadrez automático em português, embora as semelhanças com o jogo de tabuleiro se limitem ao nome. Nele, o jogador deve simplesmente distribuir personagens em uma arena e deixar que batalhem contra os heróis de outros times de forma automática. O resultado das lutas leva em conta estatísticas de cada personagem, além de uma mecânica do tipo "pedra, papel e tesoura". Quem vencer ganha ouro, a moeda virtual necessária para adquirir aleatoriamente mais lutadores no próximo turno, enquanto que o jogador derrotado perde um pouco de energia. O objetivo, portanto, é eliminar toda a energia de seu inimigo.

O auto chess surgiu em janeiro deste ano como uma modificação do game DOTA 2. Hoje em dia é comum que muitos fãs criem esses "mods", que por vezes substituem drasticamente o visual e até mesmo as regras e mecânicas originais. Embora essas alterações não sejam oficiais e muitas sejam um tanto amadores, algumas acabam se sobressaindo e fazendo bastante sucesso.

A prática se consolidou nos anos 1990, graças ao advento da internet, que facilitou a distribuição. O fenômeno chamou a atenção das desenvolvedoras de jogos eletrônicos, que passaram não só a apoiar, como também implementar ferramentas que facilitam a criação e distribuição de mods. É uma forma dessas empresas controlarem o que é feito com suas obras, coibindo excessos como os que permitem trapacear em competições online.

O próprio surgimento de DOTA é uma prova da dimensão que os mods alcançaram: o game nasceu como uma modificação de Warcraft III (da Blizzard) e depois ganhou uma continuação como um jogo independente pela desenvolvera Valve: DOTA 2, hoje um dos games mais fortes no cenário de esporte eletrônico. Depois, surgiriam concorrentes de peso como League of Legends (Riot Games) e Heroes of the Storm (Blizzard).

O auto chess seguiu este mesmo caminho. Em maio, Drodo, o criador do mod original, levou a sua ideia para um jogo independente para PC e celulares, chamado simplesmente de Auto Chess. A concorrência percebeu a nova tendência e também não perdeu tempo. Em junho, surgiriam mais dois títulos nesse mesmo estilo: DOTA Underlords (Valve) e Teamfight Tactics (Riot Games). Foi neste último que o brasileiro Juan “JSchritte” Freitas conquistou o título mundial durante o torneio da TwitchCon, feira realizada no último sábado em San Diego, nos Estados Unidos.

Por ser um tipo de game muito novo, ainda não há muitos dados que possam comprovar o sucesso ou alcance do gênero auto chess. Mesmo assim, as mais de 15 milhões de horas de visualização na plataforma de streaming Twitch apenas nos primeiros 7 dias desde o lançamento de Teamfight Tactics indicam um futuro promissor.

Afinal, além de pegar emprestada a popularidade de outros games famosos, o auto chess se destaca pela mecânica mais intuitiva e convidativa para novos jogadores, sem exigir conhecimento de regras complicadas ou mesmo agilidade e reações rápidas durante as batalhas. Apenas paciência, sorte e estratégia, como um velho jogo de xadrez.

Edição: Verônica Dalcanal

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