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Esportes

Com jogos suspensos, capitães de times das séries C e D recorrem à CBF

Abaixo-assinado de atletas cita "iminência de crise sem precedentes"
Lincoln Chaves - Repórter da TV Brasil
Publicado em 01/04/2020 - 19:52
São Paulo
Final da Série D 2019, jogo de ida, Brusque x Manaus
© Thais Magalhães/CBF/Direitos Reservados

Os capitães dos clubes que disputam as séries C e D do Campeonato Brasileiro pediram à Confederação Brasileira de Futebol (CBF), por meio de abaixo-assinado, apoio financeiro durante a suspensão das competições nacionais, por tempo indeterminado, em função do combate à pandemia do novo coronavírus (covid-19). Os torneios estavam previstos para começar no primeiro fim de semana de maio.

No documento, os capitães de 68 times da quarta divisão solicitam à CBF uma cota financeira de participação às equipes, como ocorre nas séries A e B, e a manutenção da forma de disputa. O abaixo-assinado explica que, diferentemente de outros anos, a edição 2020 da Série D contemplará um calendário mais extenso. Se em 2019 o torneio acabou em meados de agosto, desta vez, a previsão é ir até novembro, "possibilitando a mais de dois mil atletas, pais de família, emprego durante toda a temporada".

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Na primeira fase, por exemplo, serão 14 jogos por equipe. Na competição passada, foram seis. Ou seja, para mais da metade dos participantes, o Brasileirão já tinha acabado com menos de um mês de bola rolando. "Desta vez, a fase de grupos traria uma garantia de pelo menos três, quatro meses de contrato a esses trabalhadores", destaca à Agência Brasil o advogado Filipe Rino, que auxilia os atletas da Série D. "Em virtude dessa pandemia, não sabemos como ficará a situação no Brasil e no mundo. Por isso, os atletas pedem que, a princípio, não seja alterada a fórmula, que melhorou muito, ficou compatível", completa.

A outra solicitação, de caráter financeiro, considera a baixa arrecadação dos times da Série D, acentuada com o período sem futebol e sem previsão de volta às atividades, "o que acarreta sérias dificuldades de arcar com o pagamento de nossa remuneração (salários e direitos de imagem) e encargos trabalhistas" de acordo com o abaixo-assinado. "Se os clubes (...) não tiverem o mínimo suporte neste momento tão delicado, nossos empregos correm sérios riscos, o que causaria danos sociais irreparáveis", continua o documento.

Final série D do Brasileirão, jogo da volta, Manaus x Brusque,
Jogo da volta da final série D do Brasileirão 2019, entre Manaus e Brusque. - Thais Magalhães/CBF/Direitos Reservados

A estimativa é que a folha salarial mensal dos times da quarta divisão nacional seja, em média, de R$ 120 mil, com os salários dos atletas, também em média, na casa dos R$ 4 mil. "Os jogadores solicitam que a CBF auxilie os clubes de alguma forma, para que eles tenham a condição financeira de pagar os funcionários. Protocolamos o documento e estamos aguardando resposta", explica Rino.

Na Série C, se a princípio não há temor de mudança na forma de disputa - a principal mudança foi a disputa de dois quadrangulares na segunda fase, ao invés de mata-mata -, a preocupação financeira é a mesma. O documento assinado pelos capitães dos 20 times participantes destaca o apoio que as equipes recebem da CBF "quanto à logística das partidas (viagens e hospedagens)", mas, alerta que "para os clubes e atletas que disputam a Série C, (os impactos da suspensão por tempo indeterminado) serão ainda mais graves, pois são muito mais suscetíveis aos danos causados pelas perdas geradas pela suspensão, e pelo ônus de arcar com seus compromissos durante a paralisação".

O abaixo-assinado cita a "iminência de uma crise sem precedentes que pode gerar abalos severos às vidas de inúmeras famílias" e pede à CBF "doação de recursos para os clubes da Série C, com destinação exclusiva de manter em dia o pagamento dos salários e imagens dos seus atletas, a fim de auxiliar, ou ao menos minimizar, os impactos financeiros advindos desta enorme crise mundial, considerando que são os atletas os principais protagonistas, sem os quais não haveria o espetáculo do futebol e, neste momento, potencialmente mais atingidos, vista a nossa notória hipossuficiência (carência financeira)".