Inscrições para curso do Comitê Paralímpico cresceram em 2020

Curso online sobre fundamentos básicos do esporte é gratuito

Publicado em 05/03/2021 - 06:30 Por Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

O curso a distância (EaD) Movimento Paralímpico: Fundamentos Básicos do Esporte, oferecido pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) por meio da sua área de Educação Paralímpica, aumentou em 17,3% o número de inscrições feitas entre março e dezembro do ano passado, em relação ao mesmo período de 2019. O curso recebeu 11.660 inscrições de participantes de mais de 2,6 mil cidades do país, superando as 9.934 registradas no ano anterior, quando o programa foi lançado pelo CPB.

O curso é gratuito e fica disponível permanentemente. Tem carga horária de 46 horas e se divide em seis módulos. Do momento em que a pessoa acessa, tem 60 dias para concluí-lo. As inscrições podem ser feitas no site do comitê.

Para 2021, o coordenador de Educação Paralímpica do CPB, David Farias Costa, disse à Agência Brasil que a expectativa é formar 40 mil profissionais. “É um objetivo audacioso, mas a gente não pode ter receio de falar o que almeja, até porque isso serve como referência, como parâmetro. A gente vai batalhar por isso”. Dados do Conselho Regional de Educação Física da 4ª Região revelam que só em São Paulo existem 200 mil educadores físicos, o que leva Costa a afirmar que o potencial é muito grande em termos de Brasil.

O coordenador está animado diante da atualização promovida no curso no início deste ano. Ele pretende estimular parcerias com entidades do Sistema S, universidades e secretarias municipais e estaduais de Educação, de modo a levar mais informação ao profissional que está na ponta e que vai facilitar o acesso à atividade física e esportiva por parte das pessoas com deficiência. Costa destacou a característica multiplicadora dessas instituições. O CPB deverá assinar nos próximos dias parceria com o governo do Rio Grande do Norte e com a prefeitura de São Paulo.

Repercussões

Soraya Tavares Bahia da Rosa é professora de educação física para pessoas com deficiência em uma escola especial, no Rio de Janeiro. “Eu trabalho com deficientes há muitos anos, trabalhei na Paralimpíada”. Para Soraya, o melhor do curso Movimento Paralímpico foi a linguagem “super acessível”. “Por exemplo, classificação é coisa enjoada demais para entender, mas eles colocaram de uma forma rápida. Eu não vou ensinar isso para meus alunos, mas se vou para uma competição, tenho que saber onde cada um se enquadra. A gente tem que ter uma noção geral, até quando vai trabalhar com aquele aluno e tudo mais”.

Na avaliação de Soraya, o curso “é ótimo, é perfeito”. Ela se lembrou de muita coisa que havia esquecido em relação aos detalhes de cada desporto. “Foi muito legal. Gostei bastante do curso”, disse.

Outro que considerou o curso muito bom foi o professor da Universidade Anhembi Morumbi de São Paulo, Ivan Wallan Tertuliano. “Achei muito bem organizado o conteúdo. Eu leciono essa disciplina de esporte e, baseado nas literaturas, tanto que eu escrevo, quanto uso em aula, achei o curso muito bem planejado. Os curadores foram muito cuidadosos, muito zelosos quanto ao conteúdo. É um material de alta qualidade”.

Tertuliano afirmou que o curso segue preceitos que discutem a atividade física como mecanismo de inclusão social. Considerou uma grande “sacada” a conexão criada pelo CPB com os conteúdos sobre esportes contidos na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e no Plano Nacional da Educação, além das informações sobre a estrutura, programas e ações do próprio comitê. O professor costuma falar para seus alunos, em sala de aula, que quem deseja seguir a carreira de educador físico deve fazer esse curso. “É um curso que tem uma base teórica, uma base conceitual muito importante para quem quer trabalhar nessa área”.

Outros cursos

O coordenador de Educação Paralímpica do CPB destacou que, atualmente, o curso Movimento Paralímpico já está no Brasil inteiro, em todas as unidades da Federação. David Farias Costa informou que o programa é bem amplo e que outros cursos deverão ser disponibilizados em breve. Um deles, com previsão de lançamento em abril próximo, é Classificação Esportiva Paralímpica, que visa a proporcionar não só ao educador físico, mas ao professor em sala de aula, a percepção mínima de elegibilidade para o esporte. O objetivo é que ele saiba também que um aluno que tem visão monocular, por exemplo, é elegível do ponto de vista da convivência social, mas não é elegível para o esporte.

Outro curso é o Modalidades Paralímpicas da Escola. Costa explicou que antes, o CPB levava cursos presenciais aos municípios; agora, depois da pandemia de covid-19, o formato EaD ganhou força e vai incentivar a entrega das informações mais rapidamente. “Esse curso tem um viés escolar”, disse.

Ex-atleta paralímpico, com cegueira total, David Farias Costa observou que o esporte é muito importante. “Mas o objetivo final é a inclusão social. Que o esporte possa contribuir para o acesso à renda, à empregabilidade, à cidadania em geral”. Os cursos do CPB têm essa finalidade, acrescentou.

Um terceiro curso é Musculação para Pessoas com Deficiência, tendo em vista que essa parcela da população tem limitações significativas, em especial as pessoas com deficiências severas. Outros cursos ao vivo são transmitidos por vídeoconferência e sua oferta deverá ser aumentada este ano.

Costa informou ainda que embora o público prioritário dos cursos seja formado por educadores físicos, qualquer pessoa interessada pode se inscrever. O curso Movimento Paralímpico é pré-requisito para qualquer outro curso oferecido pelo comitê. “Porque a gente quer que os profissionais cheguem aos nossos cursos com um mínimo de aprimoramento técnico”. Os cursos são desenvolvidos em parceria com o Impulsiona, vinculado ao Instituto Península, na plataforma Avamec do Ministério da Educação.

Democratização

David Costa disse que a ideia é garantir, da maneira mais democrática possível, o acesso à informação. Segundo ele, a meta é potencializar e assegurar o acesso à educação para todos, por meio da formação. “Isso, a gente sabe que vai tornar o esporte acessível às pessoas com deficiência e às famílias, porque são elas que levam o atleta e permitem o acesso”.

O Programa de Educação Paralímpica é um dos pilares do planejamento estratégico 2017-2024 do CPB e tem como um dos objetivos promover cursos gratuitos online e presenciais para estudantes e profissionais de educação física de todo o Brasil. Ele tem o apoio do Conselho Nacional dos Secretários de Estado de Educação (Consed) e da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime).

De acordo com o IBGE, cerca de 45 milhões de brasileiros têm algum tipo de deficiência. 

Edição: Graça Adjuto

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