Jovens e shoppings tentam organizar rolezinhos

Publicado em 29/01/2014 - 22:16 Por Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil - São Paulo

Em reunião hoje (29), representantes de shoppings e organizadores de rolezinhos discutiram alternativas para os encontros que têm reunidos centenas de adolescentes em centros comerciais. O encontro foi promovido pela Secretaria Municipal de Igualdade Racial de São Paulo e também teve a presença de membros do Ministério Público. Os promotores dos eventos propuseram fazer encontros de acordo com a capacidade dos centros comerciais e avisando a direção dos locais com antecedência. O Shopping Metrô Itaquera se dispôs a discutir a possibilidade com os jovens na próxima sexta-feira (1º).

A direção do estabelecimento não se compromete, no entanto, em receber o evento, ainda que combinado previamente. “A gente vai sentar, definir alguns padrões e limites. A gente vai ver qual é a necessidade deles e o que a gente consegue oferecer. Não foi definido nada ainda”, disse a gerente de Marketing do  Shopping Metrô Itaquera, Sônia Lin.

Segundo o secretário de Igualdade Racial, Netinho de Paula, foram identificados pela internet 30 jovens que têm liderança no movimento, tendo mais de 20 mil seguidores nas redes sociais cada um. “Nós percebemos que eles atuavam por regiões. Não era tão desorganizado como as pessoas estavam falando. Tinha um nível de organização, tinham pessoas da zona norte, da zona leste e da zona sul que estavam organizando os rolezinhos”, disse.

Vinicius Andrade, um dos jovens que atua na zona sul, disse que é possível controlar a quantidade de pessoas nos eventos, adaptando às possibilidades dos shoppings, restringindo as convocações no Facebook. Segundo ele, não há mais a intenção de fazer os eventos sem consultar os centros comerciais. “Eles estão fazendo um acordo com a gente. Agora, vai ser um rolezinho todo organizado e isso deve ir para todo o Brasil”.

O adolescente, de 17 anos, disse ainda que a polêmica sobre os rolezinhos acabou beneficiando os jovens, porque abriu canais de diálogo. “A gente fez isso para chamar a atenção. A gente conseguiu o que queria, chamar a atenção. Para conseguir o que está faltando: área de lazer para a gente curtir. Essa polêmica foi boa. Eu não me arrependo de nada”, disse Andrade.

Jefferson Luiz, representante dos jovens da zona leste, também reclamou da falta de políticas públicas para o lazer e a cultura na periferia. “A gente está procurando cultura que não tem. Os jovens estão cansados de ficar em casa. Falam que a gente vive na internet. Mas é por isso, falta de cultura. Uma aula de música, de canto. Isso que a gente está procurando, não é só curtição”.

Apesar dos shoopings terem tentado, nas últimas semanas, impedir os eventos com ações judiciais e até mesmo fechando as portas, o presidente da Associação Brasileira de Shoppings (Abrasce), Luiz Fernando Veiga, disse que os centros comerciais não fazem discriminação. “Shopping center não discrimina, aceita todos, porque todos são consumidores. Se são consumidores de maior ou menor poder aquisitivo, não importa”, disse. Veiga ponderou, entretanto, que a associação não tem a capacidade de interferir nas decisões de cada estabelecimento.

Edição: Fábio Massalli

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