Debate final do julgamento do Carandiru fica para amanhã

Publicado em 18/03/2014 - 19:06 Por Elaine Patricia Cruz - Repórter da Agência Brasil - São Paulo

No segundo dia da quarta etapa de julgamento do Massacre do Carandiru, hoje (18), tiveram início os debates entre a promotoria [acusação] e o advogado Celso Vendramini, que defende os dez policiais acusados pela morte de dez detentos que ocupavam o quinto pavimento do Pavilhão 9 da extinta Casa de Detenção Carandiru. Após os debates, o juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo decidiu transferir para amanhã a réplica e a tréplica.

Nesta fase, dez policiais do Grupo de Operações Táticas Especiais da Polícia Militar são acusados pela morte de dez detentos e pela tentativa de homicídio de três presos que ocupavam o quinto pavimento do Carandiru. Dois policiais envolvidos  morreram antes do julgamento. O massacre ocorreu no dia 2 de outubro de 1992, quando 111 detentos foram mortos durante uma ação policial destinada a conter uma rebelião.

Durante o debate, o promotor Eduardo Olavo Canto usou as duas horas e meia a que teve direito para atacar o argumento utilizado pela defesa de que os policiais não estiveram no quinto pavimento e que, portanto, não poderiam responder pelas mortes dos dez detentos que ali estavam. Para demonstar o contrário, o promotor leu trechos de depoimentos anteriores dados pelos policiais à Justiça Militar e à Polícia Civil, em que eles confirmaram ter estado no local.

O promotor admitiu um erro na denúncia feita pela promotoria, e pediu que duas mortes de detentos, que foram imputadas aos policiais, fossem retiradas da denúncia porque uma delas foi provocada por arma branca e, a outra, ocorreu em outro pavimento. "Houve um erro da promotoria quando foi feita a denúncia”, admitiu o promotor. Com isso, os dez policiais passaram a responder por oito mortes e três tentativas de homicídio.

O advogado dos policiais Celso Vendramini disse que os militares não poderiam responder pelas mortes porque não estiveram no quinto pavimento e também porque não era possível individualizar as condutas, ou seja, dizer qual policial atirou e qual detento ele matou. Ele considerou a denúncia feita pelo Ministério Público contra os policiais "infundada e sem provas".

O advogado defendeu a atuação dos policiais no Carandiru, dizendo, por diversas vezes, que lá só havia bandidos. Segundo ele, pode ter ocorrido excessos, mas seria difícil dizer qual policial teria se excedido na ocasião. “Organismos internacionais como a Organização das Nações Unidas não deixam os policiais entrarem em confronto com os bandidos. Mas, e nós, população, como ficamos?”, disse ele, acrescentando: “Prefiro bandido morto que policial ferido”.

Depois dos debates, a defesa e a acusação terão mais duas horas para réplica e tréplica, que ocorrerão amanhã. Após isso, o Conselho de Sentença se reunirá para decidir se condena ou não os réus.

Edição: Beto Coura

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