Moradores desocupam fábrica no Complexo do Alemão
Moradores da ocupação na fábrica de tecidos Tuffy deixaram o local sem confronto com a Polícia Militar (PM) na manhã de hoje (16). De acordo com o presidente da Associação de Moradores, Carlos Alberto da Conceição, as famílias decidiram sair diante da promessa de que serão cadastradas para obter moradia.
"Até o momento está tudo tranquilo. Estamos saindo numa boa porque falaram que iam cadastrar e ver a moradia, e não deixar ninguém na rua", disse o líder comunitário.
Segundo ele, mulheres, idosos e crianças estão embarcando primeiro nos ônibus da Polícia Militar que levam as pessoas para o Olaria Atlético Clube. No local, o governo do estado cadastrará as famílias.
A Secretaria Estadual de Assistência Social informou que será feito um cadastramento socioeconômico para verificar quais são as pessoas que poderão ser enquadradas em programas sociais. Após o cadastramento, segundo a secretaria, quem tiver local para ficar será encaminhado de volta e quem não tiver poderá ser levado para abrigos da prefeitura.
Carlos Alberto informou que há 1,8 mil famílias na ocupação da fábrica. A estimativa da PM, no entanto, disse que 400 famílias estão no local. Segundo os policiais, houve grande saída de moradores ontem (15) e hoje cedo, pois eles teriam sido avisados há cerca de uma semana. Os policiais chegaram ao Complexo do Alemão às 4h.
Depois da saída dos moradores, a polícia entrará para conferir se ainda há pessoas no local e levará os pertences que restarem para um deposito na Tijuca.
Desempregado, Alan Carlos, de 40 anos, vai ter que voltar para a casa do irmão, onde morava com a mulher e os três filhos antes de passar sete meses na ocupação. Como perdeu o emprego recentemente, ele ainda vai dar entrada no seguro desemprego, e conta apenas com esta renda para sustentar a família enquanto não encontrar outro trabalho: "Agora está nas mãos de Deus", diz ele, que não acredita que terá auxílio do governo e deixava a ocupação empurrando um carrinho com dois ventiladores.
Ana Paula Borges, de 45 anos, foi para a ocupação para destinar os R$ 400 de aluguel que pagava em uma quitinete à alimentação e à compra de remédios, já que está afastada por licença médica. O marido, que trabalha em uma fábrica, ganha cerca de um salário mínimo. "Começamos a tirar ontem as coisas, porque soube da operação no fim de semana. Vou para a casa de uma amiga".


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