Médico assassinado na Lagoa é sepultado no Rio

Parentes e amigos se despediram na manhã de hoje (21) do médico cardiologista Jaime Gold, de 57 anos, no Cemitério Israelita, no Caju, zona portuária do Rio. Gold morreu ontem (20), depois de ter sido vítima de um assalto no dia anterior (19) quando andava de bicicleta na Lagoa Rodrigo de Freitas, um dos principais cartões-postais da cidade. A polícia apreendeu hoje um menor de 16 anos suspeito de cometer o crime.

A cerimônia foi fechada à imprensa. Os dois filhos, a ex-esposa e a namorada foram os primeiros a chegar, por volta das 9h30, e não quiseram dar declarações. O corpo foi enterrado às 11h30. Amigos e pacientes de Gold ressaltaram que o médico era muito querido, simples e dedicado à profissão.

O advogado Fernando Freire, amigo há quatro anos da vítima, disse que o chamava de “homem de ouro”, fazendo referência ao sobrenome e ao “caráter” do médico. “Todos que tiveram a oportunidade de conviver com ele vão ter ótimas lembranças. Há poucos dias estive correndo na praia e cruzei com o Jaime. Na volta nos encontramos e ele estava me esperando com um copo d’água. Ele era uma pessoa muito amável e amiga.”

Questionado sobre a apreensão do menor suspeito de esfaquear o médico, ele negou que a prisão represente justiça. “Não é só a penalização que vai acabar com a violência, a coisa vem de base. O nosso país precisa reformular muitas coisas, dar educação, oportunidade e ter zelo por essas famílias que não têm condição social de evoluir.”

O aposentado Mário Luiz Vides não conhecia o médico, mas foi pedalando de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, até o cemitério para prestar homenagem a Gold, que também era praticante do esporte. “Eu me senti agredido também.” Ele criticou a falta de segurança. “Cada um tem que fazer a sua parte para reduzir essa violência. Eu me aposentei há dois anos e estou pedalando. Quero continuar me exercitando, só quero viver e fazer o meu esporte.”

O médico Jaime Gold foi abordado por dois adolescentes, segundo a Polícia Civil, quando andava de bicicleta na ciclovia da Lagoa, na altura da Curva do Colombo. Ele foi esfaqueado na barriga e no braço, mesmo sem reagir ao assalto. O médico foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros e levado para o Hospital Miguel Couto, também na zona sul, onde passou por cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos.