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Governo do Rio discute soluções para enfrentar a tuberculose

Da Agência Brasil
Publicado em 06/08/2015 - 15:33
Rio de Janeiro

O Rio de Janeiro é o estado com maior incidência de tuberculose em todo o país, registrando 70 casos a cada 100 mil habitantes. Para discutir os problema e marcar o Dia Estadual de Conscientização Mobilização e Combate à Tuberculose, a Secretaria de Estado de Saúde promoveu hoje (6) um evento que reuniu médicos, gestores e membros da sociedade civil.

O superintendente de Vigilância em Saúde da secretaria, Alexandre Chieppe, informou que o maior desafio no enfrentamento da doença é uma articulação entre as secretarias de governo, porque, segundo ele, a questão da tuberculose não envolve somente a saúde.

"De forma geral, as pessoas mais afetadas pela tuberculose são aquelas com nível socioeconômico mais baixo, que vivem em lugares aglomerados, sem acesso a ventilação e luminosidade. Não temos como eliminar a doença, se não pensarmos em moradia saudável, ocupação melhor do espaço urbano e diminuição da pobreza", afirmou Chieppe.

A Secretaria de Saúde promove, em pareceria com a equipe de funk carioca Furacão 2000, campanha de conscientização sobre aids e tuberculose em diversas comunidades do estado. Chieppe explicou a importância da campanha para informar a população e estimular a procura dos serviços de saúde aos primeiros sintomas da doença. "A tuberculose tem cura, mas ainda observamos grande número de óbitos, por conta do diagnóstico tardio. As pessoas devem reconhecer que a tuberculose ainda existe. Se houver registro de tosse por mais de três semanas seguidas, cansaço e dor no peito, é preciso procurar imediatamente um médico", acrescentou.

Coordenador do Observatório Tuberculose Brasil, da Fundação Oswaldo Cruz, que articula ações de pesquisa e monitora as políticas públicas relacionadas à área, Carlos Basílio destacou que o grande número de pessoas infectadas se deve também às taxas de reincidência da doença. "O tratamento de tuberculose dura, em média, seis meses. Durante esse tempo, o paciente precisa tomar a medicação de forma correta e realizar os exames de acompanhamento. Muita gente abandona o tratamento, o que dificulta a cura."

Basílio também abordou a questão do preconceito. "Muitas pessoas pensam que o paciente com tuberculose deve ser afastado do convívio social. Em alguns casos, quem sofre da doença é demitido do trabalho por conta dela. É importante saber que, se o tratamento for adequado, após o primeiro mês de medicação, a doença deixa de ser transmissível. Ou seja, o paciente pode desempenhar suas funções normalmente, sem oferecer riscos de contágio aos demais", explicou.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, em 2014, o Brasil teve uma média de 33,5 casos a cada 100 mil habitantes, além de 2,3 óbitos a cada 100 mil. Somente no estado do Rio de Janeiro, o número de casos foi quase o dobro: aproximadamente 70 a cada 100 mil. As taxas estão bem acima do considerado tolerável pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que recomenda número abaixo de cinco casos a cada 100 mil.

A tuberculose é uma doença causada pelo bacilo de Koch, bactéria que ataca principalmente os pulmões, mas pode ocorrer também nos ossos, rins e meninges. Ela é transmitida de forma direta. Ao espirrar ou tossir, o doente expele bactérias, que podem ser aspiradas por outra pessoa, contaminando-a.