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Adolescentes brasileiras entregam Declaração das Meninas na ONU

Luiza e Irlane foram escolhidas entre 86 meninas de todo o país
Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 22/09/2015 - 20:25
Rio de Janeiro
Luiza e Irlana
© Divulgação/Plan International Brasil

Duas estudantes do ensino médio da rede pública, a carioca Luiza, do estado do Rio de Janeiro, e Irlane, do estado do Maranhão, de 17 anos, vão representar o Brasil na Assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU), onde entregarão a líderes mundiais a Declaração das Meninas. Elas participaram do projeto Essa é Minha Vez!, da organização não governamental (ONG) de origem inglesa Plan International Brasil, que atua na defesa dos direitos da infância. Elas viajam amanhã (23) à noite para Nova York, nos Estados Unidos. O objetivo é pedir aos governos que coloquem as reivindicações das meninas na agenda do desenvolvimento sustentável que será apresentada esta semana, disse hoje (22) à Agência Brasil o gerente de Estratégias de Programa da ONG, Gabriel Barbosa.

Irlana e Luiza

Irlana (de blusa branca e casaco rosa) e Luiza (de casaco azul), duas estudantes do ensino médio da rede pública, vão representar o Brasil na Assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU), onde entregarão a líderes mundiais a Declaração das Meninas Divulgação/Plan International Brasil

Esta é a primeira vez que essa declaração é feita. Luiza e Irlane foram escolhidas entre 86 meninas de todo o país. Os sobrenomes das estudantes, bem como os nomes das escolas onde estudam, não foram revelados devido à política de proteção infantil da ONG. “A emoção é grande, a felicidade é grande, porque eu gosto de saber que a minha voz vai ser ouvida. Quando eu falo, não falo somente por mim, mas por todas as meninas do Brasil”, afirmou Luiza. “Significa que eu vou estar levando vozes de outras meninas, vou ajudar a declaração que nós, meninas, fizemos. Vamos defender  isso nas Nações Unidas  e conhecer a realidade de outros países. É de suma importância para mim e para o Brasil”, acrescentou Irlane.

Saúde, educação, proteção e profissionalização são as prioridades que constam na declaração brasileira, que se somará a documentos formulados por meninas de outros três países
em desenvolvimento: Filipinas, Quênia e Paquistão. Ao todo, 500 meninas ajudaram a elaborar o documento que Luiza e Irlane irão apresentar. “Esses são os tópicos mais importantes para as meninas”, disse Luiza. Ela acredita que é preciso lutar por mais direitos para as meninas e, por consequência, para as mulheres, no país. “Eu acho que para o Brasil andar, com certeza precisa disso”.

Irlane sabe que há um longo caminho para que os pleitos constantes na declaração se tornem realidade. “Mas nada que um esforço e uma equipe boa trabalhando não ajudem. O projeto está se desenvolvendo e tudo é possível”, afirmou a adolescente, que conseguiu entregar o documento à presidenta , durante recente visita  de Dilma Rousseff ao Maranhão. Enquanto Luiza pretende fazer curso de ciências políticas, para trabalhar na área social, Irlane vai fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em outubro próximo e pretende cursar a faculdade de engenharia química ou de petróleo.

Irlana com a presidenta Dilma Rousseff

Irlana com a presidenta Dilma RousseffRoberto Stuckert Filho/Presidência da República

ODS

O gerente de Estratégias de Programa da Plan International Brasil, Gabriel Barbosa, explicou que a Declaração das Meninas foi um documento pensado a partir da iniciativa do projeto Essa é Minha Vez! para dar ênfase ao que o Brasil pretende investir com relação aos objetivos do desenvolvimento sustentável. “O documento retrata o que as meninas conseguiram identificar e sugerir que o Brasil venha a investir, a partir dos objetivos do desenvolvimento sustentável. No documento, elas se expressam de forma que os governos nos três níveis (federal, estadual e municipal) saibam o que as meninas pensam, quais são os principais desafios enfrentados e as iniciativas e sugestões que elas gostariam de fazer para o governo”.

Barbosa informou que o Brasil foi selecionado para integrar o projeto por ter sido reconhecido internacionalmente entre os países que conseguiram obter bons avanços em relação ao cumprimento dos objetivos do milênio, definidos há 15 anos, entre os quais aqueles referentes à erradicação da fome e da pobreza. Segundo ele, a partir deste ano, começam a vigorar os objetivos do desenvolvimento sustentável. De acordo com o Itamaraty, o processo foi iniciado em 2013 e os  ODS deverão orientar as políticas nacionais e as atividades de cooperação internacional nos próximos 15 anos, sucedendo e atualizando os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).

Barbosa disse que a partir da Assembleia da ONU, o próximo passo é definir internamente como o Brasil vai fazer os investimentos necessários para atingir os objetivos traçados. O projeto Essa é Minha Vez entra nesse processo com as meninas vistas como possíveis lideranças. “Meninas que são empoderadas, que conhecem seus direitos, dificuldades e objetivos. Elas entram no processo para tentar fazer incidência, a partir da Declaração das Meninas e, posteriormente, fazer um monitoramento para saber como os governos estão trazendo isso para as realidades vivenciadas pelas meninas”.

Durante a Assembleia da ONU, que se estenderá da próxima sexta-feira (25) até domingo (27), Luiza e Irlane participarão de eventos articulados com outras delegações estrangeiras, além dos três países que formularam a declaração, voltados para discussão em torno da participação das mulheres e meninas e de questões de gênero. Na ocasião, a Declaração das Meninas será entregue formalmente à presidenta Dilma Rousseff.

O projeto Essa É a Minha Vez! começou com encontros locais com dez meninas em cada uma das cinco regiões do Brasil, nos estados do Maranhão, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pará e do Distrito Federal. Nesses grupos, as adolescentes começaram a pensar sobre suas vidas e seus direitos. Duas meninas de cada região foram selecionadas para um encontro em Brasília. Desse grupo, Luiza e Irlane foram eleitas para levar a declaração à ONU.