Empregados da Unimed Paulistana fazem manifestação por garantia de salário
Funcionários da Unimed Paulistana se reuniram hoje (29) em frente ao escritório da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), na capital paulista, para protestar contra a falta de informações sobre o pagamento de salários e outros direitos, depois do fechamento da carteira de planos de saúde.
O grupo saiu em passeata pela Avenida Angélica e interrompeu o trânsito na Rua Bela Cintra, na região central da capital. Uma comissão de funcionários e representantes do Sindicato dos Empregados de Cooperativas Médicas no Estado de São Paulo (Secmesp) foi recebida no início da tarde pela agência reguladora.
Os trabalhadores temem que, com a alienação da carteira da operadora, determinada pela ANS, a Unimed Paulistana não consiga honrar os compromissos com os empregados. Por isso, o advogado do sindicato, Marco Antonio Mundt Peres, disse que vai entrar com uma liminar, pedindo o bloqueio do dinheiro e dos bens que compõem a chamada reserva técnica da operadora. “Estamos tentando obter uma liminar do Judiciário, expondo essa situação. O salário [dos funcionários] está em dia, só que amanhã não se tem uma certeza”, disse.
Segundo o Marco Antonio, os empregados receberam, até o momento, um adiantamento de 40% dos vencimentos do mês. O restante deve ser depositado amanhã (30). Mas os funcionários ainda têm dúvidas sobre o pagamento das verbas rescisórias e dos demais compromissos, no caso de demissão em massa.
O prazo para que todos os 740 mil beneficiários da operadora sejam transferidos para outra empresa se esgota na próxima sexta-feira (2). Os problemas financeiros da operadora são acompanhados pela agência reguladora desde 2009. Naquele ano, a agência instaurou um regime de direção fiscal e afastou a diretoria da cooperativa médica.
Ao todo, a operadora passou por quatro regimes de direção fiscal e dois regimes de direção técnica, com acompanhamento dos procedimentos assistenciais e administrativos.
Apesar das ações, no balanço de 2014, a Unimed Paulistana apresentou prejuízo de R$ 275 milhões e patrimônio líquido negativo de 169 milhões. Em abril deste ano, a nova diretoria contratou duas consultorias, e apresentou um plano de recuperação.
A operadora diz que, no entanto, a Agência Nacional de Saúde determinou a alienação da carteira de beneficiários antes que as propostas pudessem ser postas em prática.
Reclamações
Com o anúncio da alienação da carteira da operadora, os beneficiários da Unimed Paulistana passaram a ter dificuldades em conseguir atendimento médico. No período de 4 a 25 de setembro, o Procon de São Paulo receberu 1,67 mil reclamações sobre dificuldades com consultas e procedimentos relacionados à operadora.
“A rede credenciada ter adotado atitude abusiva e unilateral, suspendendo os atendimentos aos usuários da cooperativa”, destaca o comunicado da operadora. O grande número de reclamações fez com o que o Procon de São Paulo firmasse um termo com a operadora para que ampliação dos canais de comunicação com os beneficiários.
Caso nenhuma outra empresa se interesse pela carteira da operadora, a agência reguladora informou que poderá fazer uma oferta pública ou decretar a portabilidade dos planos.
De acordo com a ANS, a portabilidade “permite ao usuário de uma operadora ,que está sendo retirada do mercado, trocar de plano de saúde sem cumprir novos períodos de carência. Mas o novo contrato pode apresentar condições de preço e rede distintas dos que os beneficiários tinham na Unimed Paulistana”.