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Anistia elogia punição rápida de PMs envolvidos na morte de 5 jovens no Rio

Cristina Indio do Brasil - Repórter Agência Brasil
Publicado em 30/11/2015 - 20:42
Rio de Janeiro

O diretor executivo da Anistia Internacional no Brasil, Atila Roque, considerou que a Secretaria de Segurança do Rio reagiu rápido com a prisão dos quatro policiais envolvidos nas mortes de cinco jovens, de 16 a 25 anos, em Costa Barros, zona norte do Rio. Para ele, foi o reconhecimento das autoridades de segurança de que os policiais agiram ilegalmente. “Espero que estejamos diante de um indicativo de que há uma atenção mais forte por parte do estado e do governo a este episódio. Acho que é uma sinalização positiva”, disse em entrevista à Agência Brasil.

Os cinco jovens da favela da Lagartixa, em Costa Barros, foram mortos em consequência dos disparos feitos contra o carro no qual estavam na noite de sábado (28). Os policiais militares Thiago Resende Viana Barbosa, Márcio Darcy Alves dos Santos e Antônio Carlos Gonçalves Filho foram presos ontem (29), em flagrante, por homicídio doloso (quando há intenção de matar) e fraude processual. Além deles, foi preso o policial Fábio Pizza Oliveira da Silva por fraude processual. Todos eles eram lotados no 41º Batalhão da Polícia Militar, em Irajá, zona norte do Rio.

“Neste caso a polícia foi rápida em dizer que não havia uma situação de confronto e que os rapazes foram executados, e depois os policiais, além de cometerem esta barbaridade, atuaram no sentido de burlar a lei e maquiar a cena do crime tentando caracterizar como auto de resistência”, avaliou.

O diretor da Anistia destacou que o comportamento dos policiais não é uma situação inusitada. “Apenas reafirma, em primeiro lugar, uma rotina, praticamente, do modus operandi em que a polícia do Rio tem atuado nas favelas das periferias, com objetivo, parece quase sempre, de atirar primeiro e perguntar depois e que tem resultado em número enorme de mortes”, disse.

Atila Roque lembrou que o relatório Você matou meu filho! – Homicídios cometidos pela Polícia Militar no Rio de Janeiro, lançado em agosto pela Anistia Internacional, apontou para um grande número de situações descritas por policiais como auto de resistência, mas, se tratavam, segundo ele, de execuções de pessoas que estavam feridas, rendidas ou não ofereciam risco para o agente de segurança.

O historiador chamou atenção para o fato de não ser esta a primeira vez em que policiais do 41º BPM estiveram envolvidos na morte de jovens de favelas e tentaram mudar a cena do crime. “Esse batalhão é reincidente. Ele vem ao longo da história da violência policial e de violações de direitos cometidos por agentes do estado no Rio se destacando como o que mais mata”, disse, revelando que, de acordo com dados do ano passado no Rio, este batalhão foi responsável por quase 30% do total de homicídios decorrentes da ação policial.

Para o cientista político, está comprovado que este tipo de uso da força policial em esquema de confronto não é eficiente. “Não há resposta efetiva contra o crime, muito pelo contrário, tem apontado cada vez mais para o agravamento da violência e para a produção de mais dor e horror”, analisou.

Em nota divulgada hoje (30), a Polícia Militar disse que o comandante do 41º BPM, o tenente-coronel Marcos Netto foi exonerado, por causa dos “últimos lamentáveis acontecimentos envolvendo policiais sob o seu comando que conflitam com as orientações do Comando da Corporação”. Ele vai ser substituído pelo tenente-coronel Jorge Fernando de Oliveira Pimenta, que, atualmente, comanda o 32º BPM, em Macaé, no norte fluminense.