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Precursora do nado sincronizado pede reabertura de piscina abandonada na UFRJ

Isabela Vieira - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 05/05/2016 - 18:48
Rio de Janeiro
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A professora emérita Margarida Thereza Nunes da Cunha Menezes, de 91 anos, uma das precursoras do nado sincronizado no país, defendeu hoje (5) a reativação da piscina semi-olímpica abandonada no campus da Praia Vermelha da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Margarida esteve na inauguração do novo parque aquático do campus da Ilha do Fundão, que leva seu nome e que faz parte de um complexo esportivo da UFRJ inaugurado hoje (5) pelo ministro do Esporte, Ricardo Leyser. Totalmente reformado para atender às regras da Federação Internacional de Natação, o parque aquático será usado para treinamento de várias modalidades esportivas e atividades terapêuticas. O centro de treinamento do complexo terá também dois campos de hóquei sobre a grama.

“Querem aterrar a piscina da Praia Vermelha. Eu considero isso crime”, disse a professora Margarida, responsável por incluir a disciplina de nado sincronizado, antes balé aquático, na Escola de Educação Física e Desportos da UFRJ. “Aquela piscina não pode fechar, só trouxe benefícios à comunidade interna, que ia ali praticar atividades físicas, nas horas vagas, como também ex-alunos e a população”, justificou ela, que ajudou a difundir o nado sincronizado pelo país.

Bem tombado

Rio de Janeiro - Ministro do Esporte, Ricardo Leyser, e a professora emérita da UFRJ Margarida Thereza na inauguração de complexo esportivo na Ilha do Fundão (Tomaz Silva/Agência Brasil)

A professora emérita da UFRJ Margarida Thereza e o ministro do Esporte, Ricardo Leyser inauguraram  complexo esportivo na Ilha do FundãoTomaz Silva/Agência Brasil

Com paredes revestidas de pastilhas e fundo boleado, para favorecer a natação, saltos em trampolim e o polo aquático, a piscina da Praia Vermelha está fechada desde 2012, quando a UFRJ reformou um prédio centenário no campus, o Palácio Universitário. Antes, era usada por crianças, idosos, pessoas com deficiência da comunidade, em aulas de natação e hidroginástica, e também por alunos e professores da universidade, para recreação. Atualmente, a água remanescente é tratada para evitar a proliferação de vetores e doenças e evitar o ressecamento da estrutura.

Segundo a UFRJ, o fechamento atende recomendação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O reitor Roberto Lehrer informou que segue negociando com o Iphan a recuperação da piscina. Porém, informou que, mesmo com a autorização do órgão, a universidade não dispõe de recursos suficientes para colocar a piscina para funcionar de novo.

“Temos uma situação de debate, eu diria, com o patrimônio histórico, que considera inapropriada a existência da piscina naquele local”, explicou Lehrer. Segundo ele, apesar do interesse da reitoria em recuperar a piscina, a “cultura sobre o uso do patrimônio histórico é muito formalista”, o que exige altos investimentos em reformas e dificultam o próprio uso do patrimônio.

Procurado pela Agência Brasil, o Iphan não confirmou o pedido para aterrar o complexo aquático no campus da Praia Vermelha. Quando a decisão de fechar a piscina foi tomada, há cerca de três anos, a imprensa noticiou que o cloro da água corroía a argamassa do Palácio Universitário, fundado em 1841 por Dom Pedro II, destruindo o prédio, que é um bem tombado.

Inauguração

Junto com o Parque Aquático Margarida Thereza Nunes da Cunha Menezes, foram inaugurados dois campos de hóquei sobre a grama, que integram o Centro de Treinamento do Complexo Esportivo da Escola de Educação Física da UFRJ, que teve investimentos de R$ 61,4 milhões governo federal.

A ideia é que as instalações ainda possam ser usadas no treinamento para a Rio 2016. Hoje, a equipe de hóquei, por exemplo, está na Argentina – país com tradição no esporte na América Latina. Depois, as instalações, de alto nível, permitirão a formação de atletas de ponta.

Rio de Janeiro - Universidade Federal do Rio de Janeiro inaugura complexo esportivo no campus da Ilha do Fundão, zona norte da capital fluminense (Tomaz Silva/Agência Brasil)

Os dois campos de hóquei do complexo podem ser usados pela seleção brasileira da modalidade para preparação para a Rio 2016Tomaz Silva/Agência Brasil

A previsão do presidente da Confederação Brasileira de Hóquei, Sydnei Rocha, é que os atletas brasileiros possam utilizar os novos campos no período chamado de aclimatização, antes dos jogos. Para isso, precisam ser instalados vestiários, que serão provisórios.

“Isso aqui traz para nós o benefício de ter o campo perto da universidade e desenvolver o esporte no Brasil. É um esporte novo, precisava desse empurrão”, disse Rocha, na inauguração.

O ministro do Esporte, Ricardo Leyser, disse que seria inconcebível pensar em Olimpíadas sem incluir a UFRJ. “Sempre queremos fazer mais, mas fica aqui o marco da passagem das Olimpíadas e da parceria [do governo] com a universidade”, disse.

O novo Complexo Esportivo da UFRJ também permitirá acesso ao público.