Grito dos Excluídos no Rio protesta contra capitalismo e impeachment
A tradicional manifestação Grito dos Excluídos, no Rio de Janeiro, ganhou novos lemas e bandeiras neste 7 de Setembro com a adesão de grupos contra o impeachment. O ato, que já está na sua 22ª edição, ocupou cerca de um quilômetro de uma das pistas da Avenida Presidente Vargas, e a marcha percorreu cerca de dois quilômetros até a Praça Mauá. Policiais militares acompanharam todo o trajeto. Um enorme cartaz com a frase "Este sistema é insuportável, exclui, degrada, mata!" guiou a multidão.
Manifestantes levaram bandeiras e cartazes com frases como "Fora, Temer! e "Não ao Golpe". Grupos pediam novas eleições, alguns eleições gerais, outros a revolução e o voto nulo. O professor de geografia Thiago Roniere, integrante da Federação Anarquista do Rio de Janeiro, defendeu que o Congresso e o processo eleitoral atuais perpetuam desigualdades.
"Estamos aqui não apenas para reivindicar a derrubada do Temer, como também propor uma organização social que não espere repostas pelo canal eleitoral. Os movimentos de base, comunitários, a juventude e os trabalhadores, que estão sofrendo, precisam se organizar para além do processo político e do calendário eleitoral e tomar consciência que são precarizados há muito tempo", disse. "Antes deste golpe parlamentar, o próprio PT foi responsável pelo avanço do neoliberalismo e sacrificaram direitos civis consagrados dos trabalhadores. A revolução não se dá pelas urnas".
Torcedores de times de futebol também participaram do protesto.
O alvinegro Gilberto Palmares, ex-deputado, ajudava a segurar a faixa com os dizeres "Botafoguenses contra o golpe, pela democracia". "Futebol é emoção, é povo. É a emoção que está levando uma parcela da população a continuar nas ruas, lutando pela democracia, torcedores têm que se engajar," disse Palmares.
Em menor número, muitos pais com crianças participaram do evento. Hayana Malta, 19 anos, mãe de Sarah, de 2 anos, fez questão de levar a filha às manifestações, com as quais se identifica. "Faço parte do movimento Mães e Crias na Luta, que são mães feministas que enxergam a importância de levar os bebês nas manifestações, para mostrar que mães também podem participar. Este ato é para mim e para ela, que vai crescer conscientizada, lutando pela democracia".
A aposentada Ilca Torres, 68 anos, vai ao ato há muitos anos. "Não poderia deixar de vir hoje também, pois a luta pela democracia e igualdade continuam".
O ato ganhou força na chegada à Praça Mauá, que foi completamente ocupada pelos manifestantes, que se mesclaram com o público e turistas no local, onde estão a Casa Brasil, o Boulevar Olímpico e museus.
Após quatro horas, o ato terminou sem confrontos nem casos de violência.
O Grito dos Excluídos surgiu dentro da Igreja Católica, em 1995, com o objetivo de aprofundar o tema da Campanha da Fraternidade do mesmo ano. Em 1999, o Grito rompeu fronteiras e estendeu-se para as Américas. No Brasil, os atos ocorrem em diferentes cidades, no dia da Independência, e reúnem pessoas, grupos, entidades, igrejas e movimentos sociais comprometidos com as causas dos excluídos.