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Estudantes são detidos após ocupação do Centro Paula Souza

Camila Boehm – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 03/11/2016 - 22:34
São Paulo

Estudantes foram detidos na noite de hoje (3) após ocuparem o Centro Paula Souza (CPS), região central da capital paulista. Cerca de 40 jovens entraram no prédio às 18h30. Por volta das 20h, policiais militares retiraram os estudantes do local. Eles foram colocados em dois ônibus e levados até o 2º Distrito Policial, no Bom Retiro.

Até as 21h, os estudantes não puderam ter acesso a seu advogado, que acompanhava de longe a situação. “Estão descumprindo a lei, porque é direito do advogado, é prerrogativa do advogado, mais que isso, é direito dos presos de se entrevistar com seu advogado. E isso não está acontecendo, eles estão rasgando o estatuto da ordem, que é uma lei federal. Fui proibido [de ter contato com os estudantes]”, disse o advogado Denis Veiga Junior.

Segundo Veiga Junior, a Polícia Militar não tinha mandado para a reintegração de posse e não informou o motivo da detenção dos jovens. “Eles têm uma tesa absurda de autotutela do estado: que o estado dispense o Poder Judiciário para fazer reintegrações de posse. Isso é um absurdo. É rasgar a Constituição de 88. O que está acontecendo aqui hoje é mais uma escalada de retorno a uma ditadura”, disse o advogado.

Daniel Cruz, estudante da Escola Estadual Caetano de Campos e diretor da União Paulista de Estudantes Secundaristas (UPES), estava na ocupação, mas foi liberado. Ele disse que foi fazer uma ronda no entorno do CPS, ver se os outros portões estavam abertos, quando foi surpreendido pelos policiais.“[A polícia] pegou eu e um companheiro meu e botou a gente para fora e já deixou avisado que a polícia ia invadir e ia todo mundo preso. E foi o que aconteceu”, disse.

Segundo Cruz, os estudantes protestam contra pautas específicas referentes à Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo (Fatec) e às  Escolas Técnicas Estaduais (Etecs), além de pautas nacionais, como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Gastos Públicos, a reforma do ensino médio e retrocessos na educação.