Dia Mundial do Refugiado é lembrado com feira gastronômica no Rio
Para comemorar o Dia Mundial do Refugiado, o Parque das Ruínas, em Santa Teresa, no centro do Rio de Janeiro, sedia hoje a promoção Rio Refugia, com atrações musicais, oficinas para crianças, rodas de conversa e uma feira de gastronomia, moda e arte com expositores refugiados.
Um deles é o sírio Ashraf Sadek, que está no Brasil há 3 anos e levou o seu kebab de cordeiro para o evento. Ele diz que veio sozinho e foi bem recebido no país. Desde que chegou tem conseguido trabalhar em restaurantes, após terminar em São Paulo a formação em gastronomia interrompida na Síria, que passa por uma guerra civil desde 2011, com mais de 400 mil pessoas mortas no conflito.
“Foi muito bom com o povo brasileiro, tenho amigos que me ajudam. Sou chef de comida árabe, estudei na Síria, mas não terminei, fiz cursos em São Paulo. Esta é a primeira fez que participo de uma feira”, disse ele.
Para Sadek, o Dia Mundial do Refugiado é importante para lembrar a contribuição que as pessoas que precisaram deixar seus países de origem podem dar para as nações que os acolhem. “A gente é refugiado, mas a gente tem forças, ideias, umas coisas boas, culturais e também para mudar ou melhorar o nosso país aqui, o Brasil, que agora é o meu país. A gente tem ideias e pode fazer essas coisas, a gente trabalha, tem culinária diferente. No momento pretendo ficar sim, não tem como voltar para a Síria, o nosso futuro está aqui, vamos andando neste caminho”, afirmou.
A coordenadora do Programa de Atendimento a Refugiados da Cáritas/Rio, Aline Tuller, explica que o evento de hoje (24) encerra uma semana de debates e eventos culturais sobre o tema, ocorridos em locais como o Museu do Amanhã e a Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Visibilidade
“O objetivo é dar visibilidade para a questão e conscientizar a sociedade sobre a contribuição que os refugiados podem dar para o país que o acolhe. Vamos aproveitar toda essa cultura, essa gastronomia e força que eles têm para nos oferecer, valorizando e integrando os refugiados. Infelizmente, temos no Brasil pessoas que ainda têm preconceito contra eles, dizem que vão roubar os empregos ou mesmo que são terroristas. Mas, por outro lado, também temos muitas pessoas que entendem a situação difícil [pela qual] eles deixaram seus países e os recebem de braços abertos”.
O evento foi organizado em parceria entre o Abraço Cultural, entidade que oferece cursos de idioma e promove a inserção dos refugiados no mercado de trabalho; da Cáritas; e do projeto Chega Junto, que organiza feiras uma vez por mês em diversos locais da cidade para promover a gastronomia feita por famílias em situação de refúgio e imigrantes.
Segundo a Cáritas, o número de solicitações de refúgio no Brasil cresceu quase 3.000% entre de 2010 a 2015, indo de 960 para 28.700 pedidos. Oficialmente, quase 9 mil pessoas, de 79 nacionalidades, vivem no país reconhecidas como refugiadas. O Dia Mundial do Refugiado foi na última terça-feira (20).