Amigos e fãs destacam pioneirismo e coragem de Rogéria no cenário artístico

Rogéria citava uma frase que era muito bonita que dizia: "não tenho

Publicado em 05/09/2017 - 15:47 Por Flávia Villela - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

A atriz Rogéria, em entrevista à TV Brasil - Arquivo

Rogéria citava uma frase que era muito bonita que dizia: "não tenho bandeira, sou a bandeira", diz a atriz Leandra LealTV Brasil

Amigos e fãs da atriz Rogéria velaram o corpo da artista durante toda a tarde de hoje (5) no Teatro João Caetano, no centro do Rio. O pioneirismo e a personalidade revolucionária de Rogéria foram lembrados em vários momentos. Para a atriz Leandra Leal, que produziu o filme Divinas Divas, sobre as primeiras atrizes travestis no Brasil, que teve Rogéria como uma das protagonistas, ela ensinou muito à sociedade brasileira sobre tolerância e respeito à diversidade.

“Desde sempre ela foi uma revolucionária. Tem toda uma geração que deve muito a ela, que abriu muitos caminhos. Rogéria tinha uma frase que era muito bonita que dizia: "não tenho bandeira, sou a bandeira". Através do talento, da disciplina e obstinação, ela conseguiu viver com seu sonhos”, disse Leandra.

Muito emocionada, a atriz Jane Di Castro, parceira de vários espetáculos e amiga de Rogéria desde a adolescência, lembrou que o teatro sempre foi o palanque de Rogéria para reivindicar direitos e expor suas ideias. “Se chegamos a essa liberdade que atingimos agora, temos que agradecer a ela e à nossa geração dos anos de 1960. Se não fôssemos nós, não haveria parada gay, nem casamento gay, nada disso. Sempre lutamos com nosso comportamento, nossa audácia para enfrentar a ditadura, a polícia”, disse Jane. “Vai embora uma estrela, uma amiga, uma artista. Nos conhecemos quando eu tinha 15 anos de idade e nunca nos separamos, vivíamos aos tapas de beijos, uma amizade de 60 anos”.

Para a artista Isabelita dos Patins, Rogéria é um ícone da família brasileira. “Ela era muito querida e amada pela família. Foi uma professora de todas nós. Brilhou por onde passou, Era uma diva aqui e será no céu”. 

A atriz estava internada desde meados de julho devido a complicações de uma infecção urinária. Rogéria morreu na noite de ontem. Seu corpo será sepultado na cidade de Cantagalo amanhã, Região Serrana, onde nasceu. A prefeitura do município decretou luto oficial de três dias.

O nome Rogéria foi oficializado em 1964, quando venceu um concurso de fantasias no carnaval. Atuou em dezenas de shows, peças teatrais, filmes e novelas. Produtores e artistas articulam uma campanha para que o Teatro Princesa Isabel, localizado em Copacabana, zona sul do Rio, receba o nome da atriz como uma forma de homenageá-la.

*Colaborou Raquel Júnia, Repórter do Radiojornalismo.

Edição: Valéria Aguiar

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