Por meio de brincadeiras, estudantes do DF aprendem sobre uso adequado da água

Projeto da agência reguladora deve chegar a 25 mil crianças por ano em

Publicado em 23/02/2018 - 17:55 Por Pedro Peduzzi - Repórter da Agência Brasil - Brasília

O uso racional da água e a gestão correta de resíduos sólidos é um assunto importante que, para ser melhor assimilado por crianças, precisa ser apresentado de forma lúdica. Tendo por base esse princípio, a Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa) iniciou hoje (23), na Escola Classe 29 de Taguatinga, o projeto Adasa na Escola. O objetivo é instruir cerca de 25 mil crianças a cada ano em 50 escolas públicas do DF.

Brasília - Alunos da Escola Classe 29 de Taguatinga participam de atividades do projeto Adasa na Escola, que ensina crianças a ajudar na preservação da água (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Alunos da Escola Classe 29 de Taguatinga participam de atividades que ensinam crianças sobre preservação ambiental por meio de brincadeiras.Marcelo Camargo/Agência Brasil

“Atuamos em escolas como essa há oito anos. Foi a partir dessa vivência e por meio de questionários que identificamos necessidades como falta de material didático abrangendo as temáticas da água e da gestão correta de resíduos sólidos.”, disse à Agência Brasil a responsável técnica do Adasa na Escola, Cássia Van Den Beusch. Segundo ela, o formato atual do trabalho foi definido a partir da percepção de que as crianças queriam conteúdos repassados “em um formato mais lúdico, por meio de brincadeiras”.

As ações ocorrem no intervalo das aulas. Para começar, uma corrida na qual equipes disputam quem pega e guarda exemplares de lixo orgânico e seco na lixeira adequada. Com 7 anos, Raul de Jesus era um dos mais empolgados. Ganhou as duas corridas das quais participou. Só depois de chegar em primeiro lugar, na primeira corrida, que ele se deparou com uma dúvida: o lixo que ele segurava era lixo seco ou orgânico?

“Eu gosto muito de correr. Mas foi difícil saber a diferença dos lixos”, disse o garoto. A partir da dúvida, ele começou a se interessar em entender as informações que estavam sendo apresentadas pela equipe da Adasa. “Brincando, fica mais fácil aprender”, concluiu o estudante do 2º ano do Fundamental 1.

Brasília - Alunos da Escola Classe 29 de Taguatinga participam de atividades do projeto Adasa na Escola, que ensina crianças a ajudar na preservação da água (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Na brincadeira, a criançada tem que identificar o tipo de lixo certo para cada lixeira.Marcelo Camargo/Agência Brasil

A professora Ana Cris dos Santos Nascimento explica que, apesar de parecer fácil essa diferenciação para as crianças, a coisa não é tão simples. Em parte, isso se explica pelo fato de o assunto não ser abordado em casa pelos pais.

“Cerca de 40% de nossos alunos não vêm com esse conteúdo trabalhado em casa porque os pais trabalham o dia inteiro. Com isso, as crianças recebem uma atenção limitada”, disse a professora. Segundo ela, com as atividades de sala, o percentual de alunos que pouco assimilam o conteúdo apresentado cai para cerca de 10%.

Jogo de amarelinha

Ali perto, no chão do pátio, o jogo de amarelinha tinha, em cada uma de suas casas, ilustrações contendo atitudes corretas e incorretas sobre o uso da água e o despejo de lixo. O desafio das crianças era fazer todo o percurso sem pisar nas casas com ilustrações que mostravam atitudes que não contribuem para o meio ambiente.

Os pés, com calçado de tamanho 29 ou 30, faziam de tudo para não pisar nas casas com gravuras e textos mostrando atitudes ruins – como despejar lixo na rua, colocar fogo no lixo ou poluir o ambiente – e alcançar as casas que mostravam atitudes adequadas, como lavar carro com balde e calçada com balde e vassoura; irrigação de plantas nos horários menos quentes; fechar o chuveiro enquanto se ensaboa; ou fechar a torneira para escovar os dentes ou lavar a louça.

Brasília - Alunos da Escola Classe 29 de Taguatinga participam de atividades do projeto Adasa na Escola, que ensina crianças a ajudar na preservação da água (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

As crianças aprenderam também a usar melhor a água na hora do banho e de escovar os dentes para evitar desperdício.Marcelo Camargo/Agência Brasil

Estudante do 4º ano, Gabriel Santana se destacou por já saber como escovar os dentes sem gastar muita água. “Eu já faço isso lá em casa”, disse ele, ao relatar todo o processo de encher o copo, bochechar água, escovar os dentes, bochechar novamente e limpar a escova.

Além de cuidar do meio ambiente, Gabriel, com essa atitude, ajuda a mãe a economizar uns trocados. “Lá em casa, minha mãe sempre diz que a conta de água está muito cara. Aprendi então que, se é caro, não é para usar muito”, disse o estudante, em pé ao lado de um brinquedo que simulava um rio cheio de objetos plásticos e lixo, que estava sendo despoluído por dezenas de crianças.

Educando a família

Não são apenas as crianças que aprendem com a visita da equipe da Adasa. A família e a escola também ficam mais conscientes da importância de atitudes como essas. “Identificamos que essas práticas influenciam também a família, em casa”, disse a diretora da escola, Ana Silva.

“E influencia também a escola”, acrescentou. “Nós vimos, com essa visita, que mesmo com a sobrecarga da equipe, é preciso ficarmos mais atentos a essa questão da escovação, após o lanche das crianças. Vamos focar algumas parcerias para tentar resolver isso”, acrescentou.

Ao final da visita, a responsável técnica do Adasa juntou as crianças para um brinde com a caneca de água que foi distribuída como brinde. “Um brinde aos novos guardiões da água!”.

Fórum Mundial

A agência de saneamento também informou que o programa Adasa na Escola será apresentado no 8° Fórum Mundial da Água, que será realizado em março, em Brasília. De acordo com a Adasa, as práticas de educação ambiental serão desenvolvidas na Vila Cidadã, espaço aberto e gratuito do evento mundial. Para os participantes da parte técnica do fórum, na área Expo, o Adasa Escola apresentará resultados obtidos desde a criação, além de ações em parceria com a Fiocruz Brasília e a UNB.

Edição: Davi Oliveira

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